terça-feira, 24 de novembro de 2015

Mulheres muçulmanas sofrem ataques nas ruas de Curitiba


Marcelo Andrade
Após os atentados em Paris, Curitiba registrou casos de agressão e hostilização contra muçulmanos. Na última sexta-feira, uma mulher levou uma pedrada apenas por estar trajando o véu islâmico. De acordo com a Sociedade Beneficente Muçulmana do Paraná, esses episódios são frequentes desde o atentado de 11 de setembro. Hoje, a cada caso de terrorismo que repercute na mídia, mesmo longe de qualquer zona de conflito, quem é muçulmano fica inseguro.
Por andarem mais caracterizadas que os homens, as mulheres sofrem mais agressões. “Próximo ao Jardim Botânico, um rapaz arremessou uma pedra que acertou minha perna e gritou para que eu voltasse ao meu país, mas eu sou brasileira”, conta Luciana Velloso. Vítimas de ofensas, piadas e até agressões físicas, as mulheres buscam apoio umas nas outras. No dia 18 os abusos ocorreram com Paula Zahra. “Dessa vez me chamaram de terrorista. Já arremessaram latas de cerveja e até cuspida levei. Tem pessoas que tentam puxar o véu pra provocar”. O que antes era apenas um constrangimento, virou medo. “Meu filho deixou de ir ao colégio, pois os colegas dizem que a mãe dele é uma mulher-bomba”, afirma. Os casos serão levados à Comissão dos Direitos Humanos da OAB-PR, ao Núcleo de Promoção da Igualdade Étnico Racial (Nupier). “É um absurdo que as pessoas relacionem casos de terrorismo com viés político e econômico a pratica de uma religião que promove o bem. Devem ser responsabilizadas criminalmente”, defende Gamal Oumari, diretor da sociedade muçulmana do Paraná.
Portas abertas
Pra desassociar a ideia da prática religiosa do islã de atos político-terroristas, o muçulmanos mantém a Mesquita Imam Ali, próxima às ruínas do São Francisco, aberta à comunidade. “Desde o ataque às torres gêmeas, a imagem do islã passou a ser relacionada com atos bárbaros que não possuem absolutamente nenhuma ligação com a prática da religião”, afirma Gamal.
Conversão ao Islã
Filho de casal católico, o jornalista Omar Nasser encontrou no islamismo a orientação espiritual para guiar sua vida. Após ler o alcorão e aprofundar os estudos sobre o islã, ele se tornou um muçulmano. “De acordo com o livro sagrado do islã, todos nascem muçulmanos. Ao longo da vida, muitos se afastam desse caminho e cedem às tentações. Quando buscamos o conhecimento sagrado revertemos essa condição”, explica Omar.
Ele abriu mão de hábitos como beber com os amigos pra se dedicar ao islã. As práticas como o Ramadan, o ritual do jejum para renovação da fé e realizar cinco orações ao dia se tornaram parte do dia a dia de Omar. “Meu pai era católico da igreja maronita do Líbano. Mas para mim, o islã acabou me ajudando a me desenvolver como um ser uma pessoa melhor por ser dar respostas mais racionais a questionamentos espirituais”, conta.
Pai de dois filhos, Ali e Hassan, e casado com uma empresária, ele diz que a religião o ajuda a ser um marido melhor. “Em casa, ajudo com as tarefas domésticas e com a criação das crianças. Quando minha esposa chega, eles já estão de banho tomado, prontos para dormir. Há um equívoco muito grande em relação ao papel da mulher na cultura muçulmana. No ocidente existe a cobrança pra que a mulher tenha um corpo perfeito, trabalhe e cuide dos filhos. É obrigação do homem dividir responsabilidades”, compara. 
Casos de discriminação religiosa
Neste ano, o país assistiu a casos de intolerância religiosa de diferentes formas. No Rio de Janeiro, evangélicos atacaram adeptos de umbanda a pedrada. Na própria Câmara Municipal de Curitiba, quando houve a aprovação do título de utilidade pública para Sociedade Espiritualista das Almas, um terreiro de umbanda, a proposta sofreu ataques de vereadores, que se referiram à entidade como “uma casa de macumba”.
“Qualquer tipo de discriminação não pode vir de uma pessoa que se diz religiosa, pois todas as religiões pregam pelo bem e evolução do ser humano. Preconceito racial ou étnico é crime e as pessoas precisam entender que se cometerem esse abuso serão responsabilizadas”, afrma Gamal Oumari.
Fonte: http://www.parana-online.com.br/m/editoria/cidades/news/919495/?noticia=MULHERES+MUCULMANAS+SOFREM+ATAQUES+NAS+RUAS+DE+CURITIBA

segunda-feira, 9 de novembro de 2015


É assim todo domingo. Haitianos que vivem em Balneário Camboriú, no Litoral Norte catarinense, acordam cedo para fazer ao vivo o que chamam de primeiro programa de rádio feito por haitianos para haitianos do Brasil. Neste mês, o programa completou um ano no ar (veja o vídeo acima).
Depois do terremoto de 2010, que matou mais de 230 mil pessoas e deixou 1,5 milhão de desabrigados, mais de 50 mil haitianos já vieram para o Brasil. A maioria chega sem falar nada em português – muitos ainda são vítimas de preconceito e enfrentam dificuldades para conseguir emprego. Por isso a ideia de fazer um programa que ajudasse a vencer essas barreiras.
O programa, chamado de “Amigos do Haiti” é todo feito em francês e crioulo, dialeto falado no país de origem, mas alguns arriscam frases em português.
Programa de haitianos completou 1 ano no ar
"É muito engraçado. Os brasileiros falam assim: ‘eu não entendi nada do programa, mas gostei muito’. É muito animado, as músicas são muito bacanas”, diz o radialista brasileiro Magrão do K.
“Não dá aos haitianos dinheiro, mas dá a ele a música dele porque ele vive com música”, diz o comunicador haitiano Anderson Vilcé.
Informação e música
Além das canções que ajudam a matar as saudades da terra de origem, o grupo também divulga notícias que interessam aos imigrantes. Algumas trágicas, como a a morte do haitiano Fetiére Sterlin, de 33 anos, assassinado por um grupo na frente de sua casa, em Navegantes, na mesma região.
Eles também fizeram recentemente a cobertura das eleições no Haiti. O programa ainda tem espaço para religião e prestação de serviço. “Os haitianos não sabem ainda o que é o Brasil, como se faz pra buscar emprego. As leis, tudo é muito importante, além do o que está acontecendo na comunidade haitiana daqui”, diz a comunicadora Michel Ange Abella.
“Nós temos uma cultura diferente do Brasil. Esse programa é muito legal pra fazer uma ligação das duas culturas e também pra compartilhar com os brasileiros”, diz a haitiana Roselaure Janvier.

Grupo transmite músicas e informações voltadas a imigrantes. 'É muito legal para fazer uma ligação das duas culturas', diz comunicadora.
G1.GLOBO.COM



Série especial

Imigrantes e refugiados encontram portas abertas nos serviços municipais de Curitiba

A Prefeitura de Curitiba está criando ou adaptando uma série de programas municipais para atender imigrantes e refugiados de diferentes nacionalidades que estão de passagem ou que chegaram dispostos a estabelecer residência na cidade. O trabalho inclui aulas de português para estrangeiros, capacitação de servidores, atendimento médico e odontológico, facilitação do cadastro em programas municipais de caráter social, como o Armazém da Família, e até a elaboração de um guia, em cinco idiomas, sobre os serviços existentes no Município.
“O que se pretende é sensibilizar e capacitar os servidores e também preparar a rede de serviços municipais para atender imigrantes e refugiados com dignidade e respeito às especificidades culturais de cada povo”, afirma o responsável pela Assessoria de Direitos Humanos e Igualdade Racial (ADH) do gabinete do prefeito, Igo Martini. A Assessoria é responsável pela articulação entre as secretarias e outros órgãos municipais envolvidos no atendimento a esse público.
“A questão dos imigrantes e refugiados não é de responsabilidade apenas de uma secretaria e sim de toda a Prefeitura, em consonância com a proposta do plano de governo de construir uma cidade mais humana”, afirma Martini.
A partir desta quinta-feira (5), a Agência de Notícias da Prefeitura de Curitiba publica uma série especial de reportagens sobre o tema, mostrando o trabalho que vem sendo realizado na cidade para que imigrantes e refugiados sejam acolhidos e atendidos pelos serviços municipais.
Principais serviços
A série vai mostrar que as áreas de Educação, Saúde, Abastecimento, Trabalho e Emprego, Assistência Social, Segurança e Cultura estão entre as que recebem as maiores demandas. Na rede municipal de ensino, por exemplo, há mais de de 300 estrangeiros matriculados atualmente – o que exigiu a capacitação de professores para o acolhimento e o atendimento aos novos alunos e a preparação de um material didático de apoio inédito, inexistente em outras cidades brasileiras. Outro aspecto a ser trabalhado é o respeito aos costumes e a inserção dos alunos na nova realidade. Há crianças que não atendem ao comando de mulheres e outras que, oriundas de regimes muito rígidos, não se movem ao toque do sinal para o recreio, mas esperam por comando.
O sistema de Saúde é outra área bastante impactada. Apenas na Unidade de Saúde do Butiatuvinha, na Regional de Santa Felicidade, o número de pacientes estrangeiros cadastrados já chega a 500. Na Unidade de Saúde do Boqueirão, somente haitianos são  mais de 50.
Na áreas de abastecimento, cerca de 300 migrantes e refugiados ingressaram no programa Armazém da Família, o que lhes garante o alimento essencial para a sobrevivência com dignidade. O número de encaminhamentos de estrangeiros para vagas de trabalho feito pela Secretaria Municipal do Trabalho e Emprego, por meio do Sistema Nacional de Emprego (Sine), saltou de 116 em 2013 para 586 este ano, até agosto.
 
O aumento da população haitiana na cidade estimulou ainda a criação de um projeto específico de escolarização e alfabetização – o primeiro passo para que esses imigrantes possam se inserir no mercado de trabalho. É o “Projeto Haiti”, que já ofereceu escolarização para 200 haitianos desde 2013.
A articulação feita pela Assessoria de Direitos Humanos envolve ainda as secretarias da Mulher, da Pessoa com Deficiência, de Governo, de Recursos Humanos, a Companhia de Habitação (Cohab) e o Instituto Municipal de Administração Pública (Imap), com cursos e treinamentos para os servidores. Abrange ainda a Secretaria Municipal de Defesa Social, a Fundação Cultural de Curitiba (FCC), na promoção de ações de visibilidade para combater atos de xenofobia, e a Urbanização de Curitiba (Urbs), na emissão de cartões para o transporte coletivo.
A Urbs também está capacitando funcionários para atender imigrantes que chegam a Curitiba pela Rodoviária, além de identificar possíveis situações de tráfico de pessoas. O primeiro treinamento aconteceu em outubro, graças a uma parceria com o Ministério da Justiça e a Secretaria de Estado da Justiça, Cidadania e Direitos Humanos (Seju). Entre os aspectos que foram abordados estão o combate à xenofobia e o respeito ao outro. Como forma de quebrar preconceitos, também foi desenvolvida um dinâmica de grupo em que os participantes revelaram de onde vieram seus antepassados.
Guia
O alinhamento da política pública municipal relativa aos imigrantes e refugiados é discutidos no Grupo Intersetorial de Políticas de Direitos Humanos, que se reuniu pela primeira vez em agosto, com a presença dos superintendentes de 15 secretarias municipais. Com o apoio do Imap, uma das primeiras ações do grupo será a  capacitação de servidores das nove regionais e atendentes do serviço 156.
A Assessoria de Direitos Humanos também está organizando, com as demais secretarias parceiras, um guia em cinco idiomas: português, inglês, francês, espanhol e árabe.  O guia deverá reunir todos os serviços municipais, com orientações sobre como proceder, endereços, telefones, horários de funcionamento, e ainda como denunciar violações de direitos humanos e xenofobia. As denúncias de xenofobia ou de violações de direitos estão sendo atendidas e encaminhadas caso a caso às instâncias competentes pela Assessoria de Direitos Humanos.   
LEIA MAIS EM
 Fonte: http://m.curitiba.pr.gov.br/noticias/imigrantes-e-refugiados-encontram-portas-abertas-nos-servicos-municipais-de-curitiba/38092

quarta-feira, 4 de novembro de 2015

Serviço Pastoral dos Migrantes realizou em Mairiporã a XVII Assembleia Nacional, Formação,Incidência e Articulação 30 anos de caminhada


Cada lugar bíblico se relaciona com a historia da Pastoral do Migrante no Brasil assim a igreja do Brasil a partir da Campanha da Fraternidade de 1980 nasce a inspiração para a criação do Serviço Pastoral do Migrante em 31 de Outubro de 1985 ,como serviço na articulação da Pastoral Migratória em âmbito nacional que integra o Setor Social da CNBB.

 Esta Assembleia foi uma grande oportunidade para avaliar os 30 anos da roda da vida da historia do Spm, neste encontro as 80 pessoas representante de 20 estados realizaram uma profunda reflexão de toda a caminhada junto aos migrantes e imigrantes lembrando todas as pessoas que passaram por esta roda da vida contando a historia da participação no SPM

Neste encontro houve analise da conjuntura do pais no primeiro dia Ivan Valente Deputado federal do PSOL-SP  nos coloca uma reflexão   sobre a participação popular a valorização da mudança  na base da organização do povo , da globalização do capital do lucro a concentração da riqueza que são causas da migração e refugio. 

Padre Paolo Parise do Centro de Estudios Migratorios da Missão Paz fala sobre a importância do papel da Igreja neste contexto migratório e diz que a situação dos haitianos despertou a opinião publica sobre a migração que há outros imigrantes em situações precárias, como os Sirios que hoje estão abrigados em mesquita , Bolivianos que são explorados em oficina de costura na sua reflexão diz que o” Imigrante e um ser Humano não é uma ameaça”. E fala da nova lei de migração como uma mudança de paradigma.

A Ir. Rosita Milesi diz como todos sabemos, a atual Lei de Migrações é antiga, defasada, adotada no período militar, baseada nos preceitos de segurança nacional. Pedimos a introdução de uma regularização migratória (anistia) para todos os e as migrantes em situação irregular no Brasil, ou que, mesmo estando de posse de um protocolo ou documento provisório, desejam optar pela residência em base a uma proposta de trabalho ou de emprego, integração no País ou outra razão prevista em lei, incluindo-se todos aqueles e aquelas que chegaram ao País antes da aprovação do novo marco normativo

O relator da nova lei de migração deputado Orlando Silva (PCdoB-SP), diz que sua proposta e posicionar o Brasil diante do cenário mundial com uma lei moderna e inclusiva. “Temos que ter uma lei que permita, por um lado, combater qualquer tipo de xenofobia, intolerância e preconceito. A comissão está empenhada em colaborar para a construção de uma lei moderna e que possa ser exemplo para o mundo.
Nesta Assembleia que foi eletiva foram escolhidos para os próximos 4 anos a Diretoria , Colegiada e Conselho Fiscal 
















O AMBIENTE, A ACOLHIDA, O SENTIR-SE BEM FAVORECEU PARA A CONSTRUÇÃO DO  PROCESSO De ARTICULAÇÃO, INCIDÊNCIA, FORMAÇÃO

Miguel Ahumada
SPM

Fonte: http://miguelimigrante.blogspot.com.br/2015/11/servico-pastoral-dos-migrantes-realizou.html?spref=fb