terça-feira, 9 de agosto de 2016

PASTORAL DO MIGRANTE ELEGE NOVA COORDENAÇÃO NO PARANÁ

Aconteceu neste final de semana, dias 06 e 07 de agosto, na Arquidiocese de Cascavel, o Encontro da Pastoral do Migrante do Regional Sul 2 – Paraná. Estiveram reunidas 35 pessoas de várias Arqui/Dioceses com o objetivo de partilhar o que foi realizado durante a Semana do Migrante 2016 e de eleger uma nova coordenação para a Pastoral. Houve um momento de formação e resgate do Marco Referencial da Pastoral do Migrante, orientado pelo Amauri Antonio Mossmann, secretário executivo da Caritas do Paraná.
A nova coordenação ficou assim constituída:
Bispo Referencial: Dom Laurindo Guizzardi (Foz do Iguaçu);
Coordenadora: Marcia Ponce (Londrina);
Vice-coordenador: Pe. Wilnie Jean (Cascavel);
Assessoras: Ir. Maria de Fátima Pereira e Ir. Inês Facioli (Londrina);
Secretária: Lucia Bamberg Valentim (Curitiba).
“A esperança, o grito pela Vida nos anima e fortalece na caminhada com os migrantes!”
Por: Marcia Corrêa – secretariado da CNBB Regional Sul 2 e Pastoral do Migrante
fonte: http://cnbbs2.org.br/site/2016/08/pastoral-do-migrante-no-parana-elege-nova-coordenacao/

terça-feira, 21 de junho de 2016

Visitas encerram Semana do Migrante

Igreja Católica oferece apoio aos estrangeiros que chegaram ao Brasil em busca de um recomeço; participantes da Cáritas estiveram ontem em Jaguapitã

Saulo Ohara
O haitiano Jacky Auguste não esconde a alegria de ter a família por perto

Jaguapitã - Perseverança é o define o haitiano Jacky Auguste. Ele não esconde a alegria em ter as filhas e a esposa por perto. Nem sempre foi assim. Jacky chegou ao Brasil há quase três anos. O haitiano deixou o país de origem à procura de novas oportunidades, desembarcou no Panamá, foi para o Equador, seguiu de ônibus para o Peru e fez três viagens de barco até pisar em solo brasileiro. A primeira parada foi em Manaus (AM) onde Jacky conseguiu os documentos necessários para trabalhar no Brasil. Em seguida, o haitiano passou por São Paulo e Londrina até chegar em Jaguapitã, a 50 quilômetros de Londrina. O irmão, que chegou ao Norte do Paraná três meses antes, o recebeu até que Jacky conseguisse emprego em uma indústria da região.
Os primeiros finais de semana foram dedicados à língua portuguesa. "Eu digitava as palavras na internet e ouvia para saber como falar. Anotava as letras que via na rua para depois procurar o significado. Fui aprendendo assim", explicou de forma simples o haitiano que antes dominava apenas o francês e o crioulo. Hoje, até mesmo as gírias fazem parte do vocabulário dele.
A esposa Mercina e as filhas Joulisca, de 13 anos, e Lisa, de 4 anos, ainda estão se adaptando aos costumes brasileiros. As três chegaram há dois meses e participaram de uma festa junina neste final de semana. "Gostamos de pastel, pipoca e guaraná. Essa aqui comeu bastante", disse ele apontando para a filha mais velha. Para trazê-las ao Brasil, Jacky fez empréstimo, contou com a ajuda de conhecidos e teve a primeira decepção. Segundo ele, um intermediário que viabilizou as passagens aéreas teria ficado com parte dos recursos. Ainda assim, ele não desanimou e espera conseguir dinheiro para trazer a mãe que continua no Haiti. "Ela gosta de frio. Acho que ela vai gostar daqui", sorriu.
Já o bengalês Rumon Abdus vive há quatro anos no Brasil e também trabalha em uma indústria de Jaguapitã. No entanto, a distância de, aproximadamente, 16 mil quilômetros em linha reta entre Brasil e Bangladesh só não é maior que a saudade que Rumon sente dos pais. Desde 2012, ele espera receber a documentação necessária para permanecer no Brasil. As dificuldades foram muitas desde a viagem para cá. O bengalês gostou do feijão e do macarrão brasileiros, mas pretende retornar a terra natal já no ano que vem. "Tenho parentes lá, tios, avó... muita saudade", resumiu.
Jack e Rumon receberam, na manhã de ontem, a visita de participantes da Cáritas Arquidiocesana de Londrina. A aproximação dos missionários com cerca de 30 famílias ou grupos visitados na região de Londrina neste sábado e domingo encerrou a programação da 31ª Semana do Migrante realizada pela Igreja Católica em todo o país.
A coordenadora executiva da Cáritas Arquidiocesana de Londrina, Márcia Ponce, reforçou que o grupo oferece apoio aos estrangeiros para que eles possam se estabelecer no Brasil. "Eles foram muito receptivos e acolhedores nas visitas e nos receberam muito bem", destacou. A intenção da Cáritas é criar um comitê regional para debater políticas públicas voltadas para os estrangeiros. O número de imigrantes ainda é desconhecido, mas o grupo estima que cerca de dois mil haitianos vivam na região de Londrina.
Viviani Costa
Reportagem Local
Fonte: http://www.folhadelondrina.com.br/?id_folha=2-1--1721-20160620&tit=visitas+encerram+semana+do+migrante

terça-feira, 10 de maio de 2016




O mestre Marcos Zanon, 41 anos, pesquisa a história e a economia do Umbará. Ele contesta mitos, como o do “imigrante que deu certo.” Na sala de aula do Colégio Morelli vê um bairro diverso, em que descendentes de italianos e poloneses aprendem a conviver com os novos umbaraenses, vindos das zonas mais pobres |

Um sonho feito de barro

 mestre Marcos Zanon, 41 anos, pesquisa a história e a economia do Umbará. Ele contesta mitos, como o do “imigrante que deu certo.” Na sala de aula do Colégio Morelli vê um bairro diverso, em que descendentes de italianos e poloneses aprendem a conviver com os novos umbaraenses, vindos das zonas mais pobres.
O Colégio Estadual Padre Cláudio Morelli, no coração do Umbará, mereceria figurar num cartão-postal. A instituição foi um dia escola paroquial e ainda guarda aquela irresistível aura de sacristia. Ao vê-la retratada, muita gente ia se lembrar da aurora da vida, da infância querida que os anos não trazem mais. Seria a primeira impressão.
A segunda, melhor do que essa, é a de que o colégio se converteu no espaço mais democrático no bairro. Entre os 2 mil alunos, figuram moradores das favelas e descendentes de italianos um dia chegados da Água Verde e de Santa Felicidade atrás de terras mais baratas.
“Há um mito em torno do imigrante que deu certo. A riqueza que se vê no Umbará corresponde a uma minoria. A maioria dos moradores antigos se proletarizou”, explica o historiador Marcos Zanon, 41 anos, professor do Morelli e descendente das cerca de 16 famílias italianas que chegaram à região no final do século 19.
Marcos é uma autoridade em sua aldeia. Quando ainda era secundarista, descobriu que não havia nada escrito sobre o Umbará. Na cara e na coragem, bateu palmas nas cerquinhas de madeira de 18 descendentes dos pioneiros. Como era um Zanon, achegou-se ao fogão de lenha e escutou as histórias que deram origem a um boletim da Casa da Memória.
Anos mais tarde, já graduado, repetiu a dose, dessa vez para escrever uma dissertação de mestrado, pela UFPR, publicada em 2004 com o título Oleiros do Umbará – História e Tecnologia, um documento raro sobre a maior particularidade da região: as cerâmicas de fundo de quintal. “O pátio da olaria era o pátio da casa”, ilustra o estudioso.
Hoje, o negócio do barro avançou. Basta reparar no movimento de caminhões na Avenida Nicola Pellanda, abastecendo as cerca de 120 empresas do setor que chegaram aos tempos modernos. Olhar o Umbará do ponto de vista de sua economia é uma forma de matar a charada sobre a região que virou uma espécie de “Curitiba perdida” de Dalton Trevisan.

Foi em torno das olarias que o bairro conheceu a diversidade. Na região conhecida como Calixto – área empobrecida nas bandas do Rio Iguaçu – formou-se a “Vila Cambau”, apelido pejorativo para a hoje zona de operários das cerâmicas. O lugar ainda abriga descendentes dos primeiros moradores, “os brasileiros”, como dizem os italianos.
Essa convivência merecia um arrastão de pesquisadores, tamanha sua originalidade. “A população cabocla foi apagada com a vinda dos imigrantes. Falou-se mais deles porque representavam o branqueamento. Mas houve inclusive casamento entre os grupos”, explica Zanon.
Em tempo, a mais antiga descendente dos Calixto, Teresa, de 76 anos, é uma espécie de nonna mestiça do encrave. A casa centenária, à moda açoriana, é baixinha, colorida, cheia de plantas na varanda. A dona não sabe ler e escrever e se diz feliz “ali, escondidinha”, criando patos e galinhas numa Curitiba das catacumbas. “Sabia que aqui não tinha luz?”, pergunta, depois de oferecer jabuticabas no pé.
Há coisas que Teresa também não sabe. Na outra ponta da Avenida Nicola Pellanda – a cerca de oito quilômetros – os novos bolsões de pobreza do bairro são bem menos prosaicos do que o Calixto. No Unidos do Sabará, cerca de 300 famílias estão em processo de regularização fundiária. Um estudo da Cohab-CT já dá conta do perfil da comunidade, instalada num antigo lixão: 45% são crianças e adolescentes e 62% das famílias vieram do interior do Paraná – o que explica a identificação com uma área ainda ruralizada.
A renda média é inferior a dois salários mínimos. E os índices de violência, preocupantes. De janeiro a setembro deste ano, de acordo com dados recolhidos junto ao Instituto Médico-Legal (IML) foram oito homicídios. Não se pode afirmar que tenham sido todos nas áreas de ocupação, mas são reconhecidamente as áreas mais sujeitas à criminalidade.
Nas visitas da reportagem à região, o clima de medo foi confirmado. De quinta para sexta-feira da semana passada, um jovem de 24 anos teria sido morto por engano, deixando as lideranças ressabiadas. A conversa com Amélia Teresinha Rodrigues, 55, da associação de moradores, é tensa. Ela informa que a ocupação existe há 18 anos, que a Ceasa é a “mãe de todos” os que moram na Unidos. “Aqui, nossas crianças vivem de verdura”, comenta.
Já o líder Sidney Schadeck, 33, não anda nas boas com a Unidos. Depois de 13 anos à frente da comunidade – chamada por muitos de Vila Tripa – não pode voltar para casa por ter enfrentado uma gangue da região. O preço foi seu armazém queimado e fuga às pressas. Vive escondido numa vila distante. “A ocupação é desordenada e gerou becos que favorecem a criminalidade. Polícia não entra lá”, lamenta o exilado, em encontro secreto com a reportagem.
Histórias como a de Schadeck parecem exercícios de ficção diante do Umbará que se vê de passagem. A paisagem rural, a estrada de ferro e a magnífica Matriz de São Pedro fazem até as zonas degradadas parecerem melhores. Some-se a todo esse aparato a paisagem humana. Apesar da fama de desconfiada e independente, a velha-guarda do bairro é o cartão de visitas daquela que pode se tornar a divisa mais civilizada da capital.
O casal Abílio, 82, e Esmeralda Zanon, 79, estão lá para provar. Eles fazem parte dos tais umbaraenses proletarizados de que fala o historiador. A casa é boa, cheia de flores, do lado da Sociedade Beneficente Umbará. O casal se conhece desde pequeno e ri ao contar que tem uma menina da família Do Canto que namora um Do Canto. Coisas do Umbará. “Devem ser primos distantes”, dizem.
Abílio foi barriqueiro de mate e pedreiro – e como todo mundo ali fala do passado como se fosse o ontem. Diz ter saudade de ler romances policiais à luz do lampião de gás. E Esmeralda, de ir a pé até a Igreja do Capão Raso. “Imagine!” Quando começaram as ocupações, os dois sentiram pena dos pobres e avisam que “mal é só quem lida com maconha.” São todo prosa: “O Umbará permanece o de sempre.” Dia desses, um morador do condomínio em frente dos Zanon abriu o portão e puxou conversa com o veterano. Pelo que se sabe, adorou a vizinhança. Tutti buona gente.
Fonte: http://www.gazetadopovo.com.br/vida-e-cidadania/um-sonho-feito-de-barro-b9oheffahfcbnw2gsoqxuliku

sábado, 7 de maio de 2016


MPF vai investigar prefeito de Caxias - RS por ato discriminatório contra imigrantes negros

Investigação foi aberta após declaração de Alceu Barbosa Velho ao Pioneiro, quando chamou os imigrantes de "bando"


MPF vai investigar prefeito de Caxias por ato discriminatório contra imigrantes negros Roni Rigon/Agencia RBS

O Ministério Público Federal (MPF) em Caxias do Sul instaurou nesta sexta-feira um inquérito civil para apurar possível discriminação do prefeito da cidade, Alceu Barbosa Velho (PDT), contra imigrantes haitianos e senegaleses que vivem no município. A investigação foi aberta após ele declarar ao Pioneiro na última quarta-feira, dia 4 de maio, a seguinte frase: 
— Ninguém pode achar que o poder público pode tudo. Agora vem esse bando de imigrantes e a prefeitura tem de dar trabalho e comida para todo mundo? Não é assim.
A manifestação de Alceu ocorreu depois de o Pioneiro relatar ao prefeito casos de desemprego, exclusão e racismo — apresentados na série de reportagens Ilusões Perdidas —, e denúncias feitas por entidades ligadas às populações africanas e caribenhas à Comissão de Direitos Humanos do Senado. 
"Bando" tem conotação pejorativa, diz procurador
Alceu foi oficiado pelo MPF para que se manifeste. Ele terá de esclarecer o teor das suas falas. Para o procurador da República Fabiano Moraes, o uso da palavra "bando" possui conotação pejorativa e é inadequada pela impessoalidade e moralidade exigidas para o cargo de prefeito.
"O município, assim como o Estado e a União, tem o dever de prover trabalho, educação, saúde e moradia, bem como todas as demais necessidades básicas, visando a dignidade e o bem-estar de toda a população, sejam ou não estrangeiros, conforme os princípios constitucionais consagrados", disse Moraes no documento encaminhado ao prefeito.
Além disso, o inquérito destaca que esta não teria sido a primeira vez que Alceu Barbosa Velho se envolveu em atos discriminatórios em relação aos imigrantes negros. Em 2014, ele disse que Caxias do Sul deveria estar "atenta" ao fato de os estrangeiros trazerem consigo doenças como a pólio, já erradicada no Brasil. Em entrevista à Rádio Gaúcha nesta sexta-feira, o pedetista negou ter sido preconceituoso.
— Não falei nada pejorativo. É uma interpretação dele (procurador). Eles que me notifiquem que vou explicar. O termo 'bando' foi o que me veio à cabeça no momento. Mas poderia ter dito um monte, uma porção, uma grande quantidade de imigrantes. Jamais no sentido pejorativo. Ainda mais um prefeito que foi a Brasília buscar passaportes para eles. Que emitiu diversos cartões SUS — argumentou.
Fonte: http://pioneiro.clicrbs.com.br/rs/geral/noticia/2016/05/mpf-vai-investigar-prefeito-de-caxias-por-ato-discriminatorio-contra-imigrantes-negros-5795592.html

sexta-feira, 22 de abril de 2016


Padre Joaquim fazendo o apelo para Ric Record. Neste momento a comunidade equatoriana de Florianópolis se encontra orando pelos seus compatriotas na sede da Pastoral, obrigada a tod@s pelo apoio
Os itens devem ser arrecadados até dia 28/04 e são os seguintes:

Foto de Pastoral do Migrante Florianópolis.
alimentos enlatados (unicamente), 
barracas de camping,
sacos de dormir,
alimentos para cachorro,
panelas,
toalhas higiênicas,
fraldas descartáveis,
cobertas,
roupa de criança,
materiais de uso médico - inclusive máscaras,
repelentes de insetos,
luzes e lanternas,
produtos de higiene pessoal.
Sede da Pastoral: Rua Treze de Maio , 62 - José Mendes (Prainha), próximo a Alesc. Obrigada!

quinta-feira, 14 de abril de 2016

Foto de Cáritas Londrina.A Cáritas Arquidiocesana de Londrina, através de sua secretária executiva, Márcia Ponce, esteve ao longo de todo o dia de hoje, participando da reunião ordinária do Conselho Estadual de Direitos dos Migrantes, Refugiados e Apátridas - CERMA, que aconteceu em Curitiba, o primeiro conselho desta natureza no Brasil. O Paraná sai na frente pra discutir essa realidade que está tão presente em todo o país e tem mostrado sua face nos estados do Sul. Durante a reunião de hoje, váriosassuntos foram debatidos neste aspecto. A migração tem se feito muito presente no estado do Paraná e tem demandado discussões muito relevantes sobre o atendimento desses grupos de migrantes por parte das políticas públicas. Há que se pensar estratégias que atendam essa demanda e possibilitem a inclusão dos grupos de migrantes que chegam dia após dia no estado. Neste sentido, o dia foi repleto de discussões sobre vários temas que afligem a realidade migratória presente no Paraná. Os membros do conselho buscam encontrar saídas para vários problemas que afetam essa população. Acompanhe a Cáritas Arquidiocesana de Londrina e fique por dentro de todas essas discussões. Para mais informações sobre o CERMA acesse:bit.ly/caritasnocerma

segunda-feira, 14 de março de 2016

PAZ!

Senegaleses protestam em Caxias do Sul por justiça e contra a violência.
O ato organizado pelos senegaleses na tarde de sábado (27/02), na Praça Dante Alighieri, para pedir paz e justiça, se estendeu por seis horas e culminou com orações de despedida para Cheikh Tidiane, 28 anos, em ritual de corpo presente em pleno Centro da cidade.
O africano foi assassinado na quinta-feira passada, na localidade de São João da 4ª Légua, em Galópolis. Dois dias depois do crime, cerca de 150 pessoas mobilizaram-se para reclamar da falta de segurança e da impunidade, já que o suspeito da morte de Tidiane pagou fiança e foi solto em poucas horas depois de ter sido capturado.
Em breves discursos sobre o tema, alguns dos presentes questionaram a eficiência das leis, pediram paz para “senegaleses e brasileiros” e até sugeriram que o racismo poderia ter influência na banalização da morte do rapaz.
— Moro em Caxias há um ano e vejo a invisibilidade do negro na comunidade. A questão racial não pode ser descartada nessa morte, porque 77% da juventude que morre no Brasil é negra — afirmou a produtora audiovisual carioca Monique Rocca, 34, entre lágrimas.
O presidente da Associação dos Senegaleses de Caxias, Aboulahat Ndiaye, 24 anos, o Billy, acostumado a receber migrantes, foi obrigado a aprender a fazer o caminho inverso — e, desta vez, o compatriota chegará sem vida a Dakar, capital do Senegal.
— O homem que fez isso matou um ser humano, uma família e um futuro. Tidiane morava aqui há um ano e mandava todo o dinheiro para os familiares, não tinha contas por aqui — disse Billy.
A coordenadora do Centro de Atendimento ao Migrante de Caxias do Sul, Maria do Carmo Gonçalves, disse que o clamor tinha uma função específica: pedir a prisão preventiva do assassino. A religiosa questiona também a legislação brasileira.
— Penso na qualidade da permanência daqueles que estão aqui. É triste constatar que o passaporte foi a certidão de óbito dele. Com isso, morre um pouco a esperança de cada um — declarou.
Depois das falas, parte do grupo ficou entoando canções religiosas, enquanto caminhava em círculos sob a lona que abriga o palco montado na Praça. Alguns entraram em transe e praticamente todos ficaram até a despedida derradeira, que durou apenas 13 minutos — das 21h50min às 22h03min.
O transporte ficou sob responsabilidade de uma funerária de Passo Fundo, que já havia realizado outras operações como essa, e veio a Caxias buscar Cheikh Tidiane no Instituto Médico Legal. Depois de o corpo ter sido recolhido, foi levado à Praça Dante Alighieri. O veículo subiu na calçada em frente à Galeria do Comércio e, por alguns minutos, os compatriotas fizeram preces junto ao caixão alojado na parte de trás da camionete S10, que estava com o porta-malas aberto.
Tríssia Ordovás Sartori
Fonte: http://oestrangeiro.org/2016/02/29/paz/