quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Municipio de Sao Miguel do Oeste, localizado no Extremo Oeste de Santa Catarina. Parabens empressarios por confiar na capacidades dos imigrantes do Haiti no Brasil que buscam melhores condicoes de vida e oportunidade de trabalho. Voces abrem as portas de acesso ao trabalho e podem enviar algum valor aos seus familiares que estao no Haiti.


Local - São Miguel do Oeste/SC

Dez haitianos devem chegar em 15 dias para trabalhar no município

Vilmar de Souza diz que Acismo está acompanhando processo (Foto: Lucas Serapio)
Os trabalhadores do Haiti chegam para ocupar vagas com falta de mão de obra, principalmente nas fábricas de São Miguel do Oeste. A iniciativa é aprovada pelo empresariado desde o ano passado e acompanhada pela Acismo. De acordo com o presidente da entidade, Vilmar De Souza, uma empresa está fazendo a assessoria para transportar essas pessoas do norte do país até o município. Ele diz que em cerca de 15 dias aproximadamente dez haitianos devem chegar em São Miguel do Oeste. O presidente da Acismo diz que cada empresa contratante vai fornecer moradia e alimentação. Segundo ele, as empresas se comprometeram a bancar esses custos nos primeiros 60 dias.

http://haitianosbrasil.blogspot.com.br/2014/01/noticia-17-01-2013-municipio-de-sao.html

Refugiados africanos tentam nova vida no Brasil

Congoleses, senegaleses e guineenses fogem de guerras e conflitos nos seus países

Congoleses, senegaleses e guineenses fogem de guerras e conflitos nos seus países. Até encontrarem o apoio de organizações filantrópicas, passam fome, frio e ficam expostos a abusos nas ruas de São Paulo.

Maria (*) fecha os olhos e canta para lembrar de seu país. Ela está na recepção de uma instituição católica em São Paulo, aguardando cobertor e cesta básica, mas sente-se ao lado do marido e dos filhos em Bukavu, sua cidade-natal.

A guerra a fez fugir da República Democrática do Congo para o Brasil. Sozinha e sem notícias da família, ela aguarda ser reconhecida como refugiada no país, assim como outros 5 mil solicitantes de 70 nacionalidades.

Ela não sabe onde está o marido nem os dois filhos, um de 2 e outro de 8 anos. “Eu fui para o trabalho e o meu marido ficou em nossa casa, no Congo. Começou a guerra e eu fugi por uma estrada. Meu marido e meus filhos fugiram em outra direção. Eu não sei se estão vivos. Não tenho qualquer informação.”
Amigos de Maria a ajudaram a tirar o visto brasileiro e pagaram a passagem de avião. Ao chegar ao país, no início de 2013, a congolesa perambulou pelas ruas de São Paulo durante oito dias. “Fazia muito frio e eu não tinha mais nada. Eu pedia aqui e ali para me arranjarem qualquer coisa para comer”, relembra.
Um africano que a viu tremendo de frio na rua lhe ofereceu ajuda e a levou até o Centro de Acolhida para Refugiados, na Praça da Sé, no centro da capital paulista. O local é gerenciado pela Cáritas Arquidiocesana de São Paulo. O escritório parceiro do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur) encaminha os pedidos de refúgio ao Comitê Nacional de Refugiados, providencia documentação na Polícia Federal do Brasil e direciona os estrangeiros a abrigos.

- A maioria dos africanos vêm sem norte, por isso nós damos um primeiro apoio. São poucos os abrigos disponibilizados por organizações não governamentais. Temos a possibilidade apenas de encaminhá-los para a rede pública de albergues, que não é adequada para estrangeiros. Eles ficam numa condição muito vulnerável – afirma Maria do Céu, que há seis anos atende estrangeiros na Cáritas.

Madeleine, de Kinshasa, a capital da República Democrática do Congo, também aguarda ser reconhecida como refugiada no Brasil. O pai da jovem de 18 anos era secretário de um deputado da oposição. Em 2012, quando o presidente da República Democrática do Congo, Joseph Kabila, recebeu informações de que o parlamentar conspirava contra o governo, todas as pessoas ligadas a ele foram perseguidas.

- Eu estava na escola. Meu pai, minha mãe e meus irmãos tiveram de fugir. Uma amiga da minha mãe me buscou e me levou para a casa dela. Ela me acolheu por dois meses e, depois, para minha segurança, mandou-me para o Brasil – conta.

Ao chegar ao aeroporto de Guarulhos, ainda sem saber português, Madeleine pediu ajuda a um nigeriano, que a levou para a casa onde ele morava. Após seis dias trancada no local, a jovem foi estuprada. “Lá na casa dele aconteceu uma coisa ruim, e ele me expulsou da casa. Fiquei andando na rua e daí encontrei outro africano. Foi ele que me levou até a Cáritas.”

Segundo Carmen Victor, do Instituto do Desenvolvimento da Diáspora Africana no Brasil, a falta de amparo institucional faz com que as africanas caiam numa falsa rede de proteção. “São mulheres cuja vida é atrelada à figura masculina do pai, do irmão ou do marido. No Brasil, elas terminam sendo usadas por imigrantes africanos para vários fins. Muitas são obrigadas a transportar drogas e a prestar favores sexuais. Encontra-se de tudo, desde o apoio verdadeiro ao total abandono”, relata.

“Não há como voltar”

Francisca também foi vítima de perseguição política em Kinshasa, no Congo. O pai trabalhava para um coronel que se opôs à reeleição do presidente Kabila. Os dois tiveram que fugir. Ela parou de estudar e foi morar na casa de um amigo do pai.

A mãe e os dois irmãos permaneceram na casa da família. Policiais foram lá e perguntaram pelo pai de Francisca. Os pequenos começaram a chorar. “Eles sequestraram minha mãe e meus dois irmãos. Foram embora com eles e queimaram a casa. Não sobrou nada”, relata.

Meses depois, o amigo do pai de Francisca enviou a jovem ao Brasil por temer represálias. Ela chegou ao país em janeiro de 2013. Sem falar português, passou dois dias dormindo no aeroporto de Guarulhos. Lá encontrou um grupo de moças que falava francês. Todas eram prostitutas.

- Quando eu cheguei à casa delas, falaram que eu poderia ficar, mas deveria trabalhar para me manter. Uma noite, elas me levaram até o ponto onde trabalhavam. Eu não queria fazer aquilo. Naquela noite, eu falei que não estava me sentindo bem, e elas entenderam – conta.

No dia seguinte, ao não aceitar novamente, Francisca foi ameaçada. “Aquelas que falavam francês disseram: ‘Tem que chamar uns cinco homens para violar essa menina’. Eu me assustei. E, quando elas estavam distraídas, eu saí da casa e fugi.”

Francisca andou sem rumo pelas ruas de São Paulo. Ainda naquele dia, escutou um rapaz falando lingala, o idioma de Kinshasa. Ela pediu ajuda e foi levada até a Cáritas.

Falsa rede de proteção

Hoje a congolesa vive num abrigo para menores de idade. Ela faz um curso de português e conseguiu emprego numa empresa de telemarketing. “Não tem como voltar porque há muito tempo as coisas não mudam. Quando eu nasci, já era assim. Eu cresci, e é a mesma coisa. Tenho estresse, dor no coração porque não sei onde está minha família, não sei o que aconteceu com eles.”

A jovem também relembra casos de violência em seu país. “Quando o governo manda, o rebelde – não sei como posso chamar aquelas pessoas – quando eles encontram um menino e uma menina da minha idade, o pai e a mãe em uma casa, eles mandam o rapaz se deitar com a mãe e o pai, com a garota. Obrigam! Se você não faz, eles te matam”, conta Francisca.

Ela se recorda de um vizinho que foi obrigado a fazer sexo com a própria mãe, uma senhora de idade. “Com aquela vergonha, ele não conseguiu mais viver em paz e se matou.”

Apesar dos traumas, Francisca pretende estudar para poder ajudar os congoleses. Ela quer ser médica, mas sem a documentação necessária não consegue se matricular na universidade. “Já faz tempo que estou pedindo os documentos para o governo aqui no Brasil, mas não consigo. Quando eu era criança, eu falava que, quando eu tivesse 25 anos, seria uma grande médica. Essa incerteza me incomoda muito”, diz.

À procura de uma nova vida

Na Zona Leste de São Paulo, muitos homens africanos e moradores de rua brasileiros aguardam uma vaga no abrigo Arsenal da Esperança. No ano passado, a presença de estrangeiros aumentou.

Pedro Baptista, da Guiné-Bissau, chegou em março. Havia seis meses que estava sem receber o salário como professor dos ensinos fundamental e médio na capital guineense. O golpe de Estado em abril de 2012 motivou o sindicalista a sair do país. “Deixei a minha esposa grávida, ela já deu à luz e nem tenho dinheiro para mandar para ela. O país está em constante instabilidade. Então isso obrigou-me a procurar refúgio no Brasil. Vim cá procurar melhor condição de vida”, conta.

Formado em química e biologia, Pedro Baptista se tornou orientador comunitário do Arsenal da Esperança. Ele aguarda ser reconhecido como refugiado no Brasil, apesar de não ter sofrido uma ameaça direta. Em 2013, o governo brasileiro concedeu refúgio para apenas um africano da Guiné-Bissau.

- Os governantes do Brasil bem sabem que a Guiné-Bissau tem problemas. A CPLP (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa) não reconheceu o governo que está no poder neste momento. Imagine um país com 40 anos de independência não ter nenhum governo que tenha terminado seu mandato e ser palco de sucessíveis golpes. É lamentável, mesmo.

Segundo o italiano Simone Bernardi, coordenador do Arsenal da Esperança, a maioria dos estrangeiros da casa que querem ser reconhecidos como refugiados no Brasil não foi vítima de perseguição. “São jovens que, muitas vezes, aparentam ser um pouco a elite do país de onde vieram. Têm o perfil de quem completou os estudos e quer procurar um futuro melhor”, explica.

Pedro Baptista pretende fazer uma especialização no Brasil e mandar ajuda para seu país. “A minha vida está em causa, porque eu sou o filho mais velho. Meus irmãos estão esperando alguma coisa de mim. E não só eles, também o povo da Guiné-Bissau.”

“Aqui não é minha terra”

Os mais de 4.500 refugiados reconhecidos pelo governo brasileiro enfrentaram uma longa jornada para escapar das mais variadas perseguições políticas, religiosas e étnicas. Omar está no Brasil há sete anos e já tem residência permanente. Ele é agente de saúde pública em São Paulo. Por motivos de segurança, não relata por que teve de deixar a República Democrática do Congo.

- Eu sempre falo isso. Aqui não é a minha terra. A minha terra é a minha terra. A minha terra é incomparável e vai permanecer comigo. Mas estou aqui. Estou batalhando para ter a minha vida. Se hoje não, amanhã, se não amanhã, depois de amanhã, eu voltarei – diz Omar.

Para isso, ele defende que os governantes africanos precisam se preocupar mais com as necessidades da população do que com o poder. “Os políticos devem purificar a consciência e aprender o que é o amor. Sabe amor? Eles não têm.”

Mãe dos africanos

A jornalista Diop desembarcou no Porto de Santos, no litoral de São Paulo, há 11 anos. Alvo de ameaças por seu trabalho numa rádio popular na região conflituosa de Casamança, no sul do Senegal, foi obrigada a fugir.

- Há muitos problemas no Senegal. É a guerra fria que as pessoas não reconhecem. Estou contente com o povo brasileiro, que é muito gentil. Sinto-me como se estivesse em casa. Eu sei que tive mais oportunidades do que muitos africanos que foram para a Europa – diz.

Diop vende roupas, tecidos de capulana, colares e estatuetas do Senegal na Praça da República, no centro de São Paulo. Duas brasileiras a ajudam no pequeno comércio. Para ela, todo africano ou brasileiro que precisa de ajuda é como um novo filho.

- Hoje eu trato dos africanos que chegam. Sou como uma mãe. Eu sou uma escrava de Deus e de todos que precisam de ajuda. Tenho dois quartos, uma sala, cozinha e banheiro. Tenho colchões para as pessoas dormirem. Se há alguém com problemas, eu dou-lhe comida e mantimentos. A pessoa não paga eletricidade, água nem o quarto. Não paga nada. É tudo feito por mim e pelo meu marido – conta.

Diop diz que, apesar da perseguição que sofreu, ama o Senegal. E é grata à acolhida que recebeu no Brasil. “Cada país representa uma mãe. Nunca uma pessoa pode falar que não gosta da própria mãe. Eu gosto muito do meu país, mas aqui no Brasil tenho coisas que não tenho lá. Eu tenho liberdade. Eu amo muito o Brasil.”

Fonte:http://www.redesul.am.br/rsradios/Noticias/Geral/15/01/2014/Refugiados-africanos-tentam-nova-vida-no-Brasil/139511/

quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Construção Civil

18 jan08:41

Esperança para 17 haitianos em Navegantes

Dagmara Spautz, Jornal de Santa Catarina
Dois anos após o terremoto que sacudiu o Haiti, os olhos que presenciaram cenas de morte e destruição enchem-se, pela primeira vez, de esperança. Contratados pela Inbrasul Construtora e Incorporadora, 17 haitianos, vindos do Acre, uma das portas de entrada dos imigrantes no Brasil, desembarcaram na noite de segunda-feira em Navegantes com carteira assinada e a promessa de uma nova vida.
A empresa ofereceu, além do salário a partir de R$ 950, dependendo da função, teto e alimentação. Em troca, os trabalhadores se dispuseram a aprender. Diretor da construtora, Alexandre Dias diz que, embora os contratados já tenham experiência em obras, o modo de construir no Haiti é diferente do usado no Brasil. Há ainda a barreira da língua. Alguns se comunicam em espanhol, mas a maioria fala o dialeto crioulo e o francês, língua oficial do país.
A oportunidade era tudo que o pedreiro Thermilus Sylasse, 30 anos, esperava para se reerguer. Morador de Porto Príncipe, a capital do Haiti e o local mais devastado pelo tremor, ele viu, em janeiro de 2010, carros, construções e gente serem engolidos pela terra. Perdeu amigos, uma tia e o emprego.
Convívio forçado fez do grupo uma família: Josias Mirvil (E) ajuda o amigo e agora colega de trabalho Thermilus Sylasse a fazer a barba
Desde então, vivia sob uma lona. Realidade que, conta ele, é comum a muitos dos compatriotas.
A decisão de vir ao Brasil foi muito pensada. Sylasse vendeu tudo o que lhe restava e juntou US$ 2 mil para a viagem. Deixou a mulher e o filho pequeno em busca de uma renda que possa ajudar no sustento dos dois.
– Tive que sacrificar a mim e a minha família. Estou ansioso para começar a trabalhar, para poder mandar dinheiro para o Haiti – conta, esperançoso.
É este também o pensamento de Josias Mirvil, 33, que tem a companhia da mulher, Genica, na vida nova. Na bagagem vieram os poucos pertences do casal. No coração, a saudade dos filhos, uma menina e dois meninos, com quem não falam há três meses, nem por telefone.
– Me sinto mal de estar sem meus filhos, minha mulher chora a falta deles. Espero ficar bem para poder trazê-los para cá – revela.
Sem emprego, Josias havia saído do Haiti logo após o terremoto e buscado trabalho no Equador. Diz ter feito todo tipo de serviço, mas acabou, novamente, desempregado. Há três meses o casal decidiu vir para o Brasil.
A viagem para os haitianos é repleta de riscos. Os perigos incluem a ação de assaltantes e coiotes – pessoas que cobram cerca de 500 dólares pela levar os imigrantes do Peru à Bolívia, onde os haitianos finalmente têm acesso ao extremo Norte brasileiro. Apesar do drama, para o vidraceiro Marcedone Morigene, 35, a esperança de um recomeço faz tudo valer a pena:
– Os haitianos gostam do Brasil porque aqui nos tratam bem, como humanos. É como se eu estivesse no meu país.

Fonte: http://www.jornalacidade.com.br/noticias/cidades/NOT,2,2,911378,Para+eles+a+esperanca+mora+em+Cravinhos.aspx

Haitianos em Itajaí - SC

Representantes se reúnem para auxiliar imigrantes

Nesta  sexta–feira (19), aconteceu uma reunião no CRAS da Itaipava, para discutir questões sobre os haitianos que desde o ano passado se instalaram nas cidades de Itajaí, Balneário Camboriú, Navegantes e Brusque. Participaram do encontro duas Assistentes Sociais do CRAS Itaipava, representantes da Secretaria de Desenvolvimento Econômico Emprego e Renda (Sedeer), da Fundação Educação Profissional e Administração Pública de Itajaí (Feapi), Secretaria de Relacões Institucionais e Temáticas e do Porto de Itajaí.
A maior parte dos imigrantes que vieram para Itajaí se instalaram principalmente no Bairro Itaipava. Na comunidade, a empresa Multilog, ofereceu a oportunidade para muitos deles. Para ajudar a encontrar esses haitianos é que as Secretarias realizam este trabalho, que tem o intuito de auxiliá-los quanto aos seus direitos. Na reunião, foi decidido que o CRAS das comunidades, juntamente com a Polícia Federal e a Secretaria de Relacões Institucionais e Temáticas (Serit),  irão fazer o mapeamento desses dados. Além disso, a Feapi já está em fase de planejamento para um curso de língua portuguesa aos imigrantes.
De acordo com a Assessora de Assuntos Temáticos da Serit, também será desenvolvida uma cartilha com nome, sexo, origem , raça e grau de instrução, para auxiliar no cadastramento. O  arquivo estará disponível em três idiomas – Português, Francês e Inglês. Os representantes já têm data marcada para uma próxima reunião que irá acontecer no dia 04 de maio (sábado). O local ainda será definido.
___________
Informações Adicionais:
Assessora de Assuntos Temáticos da Serit
Telefone: (47) 3341-6052
 Fonte: http://www.itajai.sc.gov.br/noticia/4813/haitianos-em-itajai#.UuHBbhBTvIU

sábado, 18 de janeiro de 2014

PARAGUAIOS RECEBERIAM R$ 0,10 POR PEÇA PRODUZIDA

Paraguaios têm o direito de trabalhar e viver no país. Basta solicitar autorização em consulados brasileiros.
Nesta semana quatro ônibus foram flagrados com cidadãos paraguaios sem autorização para viajar no Brasil. As autoridades desconfiam que os passageiros estrangeiros voltavam para a capital paulista, onde trabalham em situação semelhante à escravidão, ou seja, ganhando muito a baixo de um salário mínimo, com carga horária acima da prevista em lei e vivendo em lugares degradantes.
“Existem várias denúncias sobre paraguaias domésticas. Também foram feitas várias ações de conscientização pela nossa gerência, no tocante a trabalhadores paraguaios ilegalmente da construção civil e reciclagem de lixo. Quando é uma questão de regularização é dado um prazo para a empresa se regularizar. Já em caso de trabalho de trabalho degradante é tomado outras medidas”, informou.
De acordo com Gilberto Monte Braga, gerente do Ministério do Trabalho e Emprego, os pedidos de trabalho por cidadãos paraguaios aumentaram nos últimos anos em Foz do Iguaçu, principalmente na área da construção civil.
O delegado-chefe da Polícia Federal em Foz do Iguaçu, Ricardo Cubas, informou que a retirada de visto de estudante ou trabalho por estrangeiros, é um processo fácil no Brasil. Segundo explicou o delegado, a pessoa precisa fazer o pedido na embaixada brasileira no país em que estiver apresentando documentos e comprovante que já possui algum empregador interessado no Brasil.
Os estrangeiros podem ter a Carteira de Trabalho no Brasil, tanto na condição de fronteiriço ou acordo pelo Mercosul, que permite trabalhar em todo o território nacional. Para isso, primeiramente o cidadão deve pedir visto de permanência no consulado brasileiro, no país de origem.
Os paraguaios flagrados pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) na BR-277 no oeste do Paraná depois de entrarem ilegalmente no Brasil disseram aos agentes que receberiam R$ 0,10 por peça de roupa produzida em fábricas de confecção em São Paulo. O grupo de 137 estrangeiros estava em três ônibus abordados na tarde de quinta-feira (16/01) quando seguiam viagem para o estado vizinho. A Polícia Federal (PF) garantiu que vai investigar as suspeitas de aliciamento para o trabalho escravo no país.
A primeira abordagem foi feita no posto da PRF em Santa Terezinha de Itaipu. No ônibus de São Paulo (SP) estavam 48 paraguaios. Logo depois, na mesma rodovia, outros dois veículos do comboio, um com 41 e outro com mais 48 estrangeiros entre homens, mulheres e crianças com idade de 5 a 60 anos, foram abordados quando passavam por Céu Azul. Além de os paraguaios não terem o documento de entrada no país expedido pela PF, alguns veículos não tinham, por exemplo, a licença da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) para o transporte de passageiros.
No domingo (12/01), um ônibus com 48 passageiros paraguaios foi abordado também na BR-277, em Céu Azul. Na ocasião, os estrangeiros voltaram ao país de origem após serem multados por entrar no Brasil ilegalmente. O motorista, brasileiro, e o ônibus de turismo, de São Paulo, foram liberados. Segundo a assessoria da PF, em 2013 foram flagrados na região quatro ônibus na mesma situação. Como não havia indícios de que os grupos tinha a intenção de trabalhar no país, foram autuados e voltaram ao Paraguai pela Ponte da Amizade, por onde haviam passado.
Segundo o delegado da PF em Foz do Iguaçu, Ricardo Cubas César, as suspeitas de uso de mão-de-obra ilegal serão investigadas. “Este tipo de contrato e de pagamento por peça de roupa produzida já demonstra uma situação irregular de trabalho, provavelmente escravo”, afirmou. “Serão investigados as empresas proprietárias dos ônibus, as pessoas que possivelmente estavam servindo como guias e principalmente as empresas que contrataram os trabalhadores”, apontou ao destacar que uma quadrilha especializada pode estar agindo na região.
Quanto à obrigatoriedade de os estrangeiros informarem a entrada no país, o delegado explicou que paraguaios, em função do Mercosul, têm o trânsito facilitado nos países no bloco, e precisam de visto apenas nos casos de permanência acima de 90 dias ou para estudo e trabalho. “Esta liberação precisa ser feita por meio do consulado do Brasil no país de origem.” Nos flagrantes de imigração irregular, se os estrangeiros se dispuserem a voltar voluntariamente, são acompanhados pela polícia até o ponto de fronteira mais próximo. “Caso contrário, é feito o procedimento formal de deportação”, observou César.

Fonte: estrangeiro.org/2014/01/18/paraguaios-receberiam-r-010-por-peca-produzida/

quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

Ndongo quer ser titular...

A viagem e o sonho de um imigrante senegalês em terras gaúchas
por Felipe Prestes
O meio-campista balançou a cabeça enquanto conversava em francês com o goleiro. A palavraimbécile chamou a atenção de quem não entendia o idioma. Referiam-se ao treinador. O volante do time Clandestino começou a partida no banco de reservas, jogou metade do primeiro tempo, voltou ao banco no intervalo e depois entrou novamente – as partidas de várzea não respeitam convenções. “Assim é difícil”, argumentou, justificando sua má atuação.
Num sábado de novembro, o meio-campista Ndongo (pronuncia-se Nongo) Ndiaye sacolejou durante vinte minutos no velho Passat de Paulinho, um dos líderes do Clandestino, para chegar ao estádio do Esporte Clube Cruzeiro, na zona rural de Carlos Barbosa, município a pouco mais de 100 quilômetros de Porto Alegre. Mas a jornada do senegalês Ndongo até essa região de colonização italiana no sul do Brasil foi muito mais longa e aventurosa.
Ele juntou dinheiro durante três anos para sair de Cité Fadia, bairro na periferia de Dacar. Pagou não só as passagens, mas os coiotes que “organizaram” a viagem. Há cinco meses, deixou o Senegal de avião rumo à Espanha, e dali voou até o Equador. Depois, foi de ônibus até a fronteira do Peru com o Brasil, chegando a um campo de imigrantes no Acre, onde se juntou a centenas de haitianos, dominicanos e alguns africanos que aguardavam precariamente a oportunidade que outrora buscariam no Hemisfério Norte.
Por fim, Ndongo foi ao encontro de amigos senegaleses que já trabalhavam em Garibaldi, município gaúcho vizinho a Carlos Barbosa. Ali, produzem carne halal, de animais abatidos segundo os preceitos muçulmanos. No frigorífico em que se empregou logo após sua chegada, Ndongo mata cerca de 9 mil frangos por dia com um facão. São quarenta aves por minuto (num abate convencional chega-se até o dobro disso), numa jornada quevai das quatro da manhã às três da tarde.
A degola manual dos animais precisa ser feita de maneira incisiva, para amenizar seu sofrimento, conforme determina o Corão. Enquanto faz o trabalho, Ndongo tem que repetir as expressões “Deus é grande” e “Em nome de Deus” – em árabe, claro. O sangue das aves deve ser escoado totalmente, por ser visto como transmissor de doenças.
Das exportações de frango brasileiras, 45% vão para países de maioria muçulmana, especialmente do Oriente Médio. Diante da tendência, os abatedouros locais têm recrutado cada vez mais seguidores do Islã. Ndongo é contratado da Central Islâmica Brasileira de Alimentos Halal, braço operacional da Federação das Associações Muçulmanas do Brasil, sediado em São Paulo e especializado nessa forma de abate.
Em Garibaldi, cidade com canteiros de flores nas avenidas e bem preservados casarões do início do século XX, imigrantes muçulmanos de vários países vêm chegando desde o início da década – os senegaleses já são uns vinte e poucos, segundo contagem dos próprios. As indústrias de laticínios, metalurgia e viticultura da região atraíram também trabalhadores haitianos e chineses.
Numa lanchonete de Garibaldi, me disseram que, se eu quisesse entrevistar imigrantes, bastaria sair à rua durante o dia para me deparar com “tocos de lenha preta”. Enquanto dirigia o Passat até a peleja, Paulinho contou que, aos poucos, o preconceito contra os seguidores de Alá vai cedendo. “As pessoas estão vendo que eles não bebem, não arrumam confusão, não roubam. Não sei se a religião deles é melhor, mas eles seguem muito mais que nós.”

ntes de rumar ao estádio, Ndongo narrou sua aventura em inglês, na casa alugada que divide com quatro conterrâneos. Em Dacar, o jovem de 24 anos intercalava o trabalho num supermercado com treinos. Passou por clubes pequenos da capital – o principal deles, o ASC Cambérène, joga na série B do Senegal. No Brasil, ele mantém a jornada dupla. Depois que encerra o trabalho no frigorífico, vai treinar no Garibaldi, que joga na terceira divisão gaúcha. Como ainda não conseguiu uma chance para estrear, mata a fome em jogos amadores.
O senegalês não considera os 930 reaispagos pelo frigorífico um bom salário, mas está mais satisfeito do que no seu país. “Dacar é bom, mas você trabalha duro e eles não pagam bem. No Brasil, você pode pagar aluguel, eletricidade, água e ainda mandar dinheiro para a família.” Pode também comprar um notebook, do qual ele não desgrudou durante a conversa. Parte do dinheiro vai para a mãe e a irmã, na África. O pai vive há cinco anos na Itália, onde passa por dificuldades.
Ndongo nem pensa em retornar ao Senegal, a não ser para visitar a família. Mas pensa, isso sim, em largar o emprego para se dedicar ao futebol. “Preciso do trabalho para sobreviver, mas meu sonho é ser jogador profissional.”
O campo do Cruzeiro, onde o Clandestino enfrentou o Falcatrua, fica ao lado de uma estrada de chão. Há uma pequena arquibancada e, atrás dela, o olhar se perde em morros e araucárias. Naquele sábado, os únicos jogadores negros eram Ndongo e Amadou, o goleiro camaronês de mais de 1,90 metro. O meio-campista senegalês mostrou ter cacoetes de quem já jogou profissionalmente. Mas errou passes bobos e usou os braços acintosamente na marcação. Ndongo tem a cabeça raspada, com um filete de cabelo ligando a testa à nuca, e sorriu orgulhoso quando alguém o chamou de Balotelli.
Na arquibancada, metade dos quatro torcedores presentes avaliou que Ndongo não se destacara entre os jogadores do final de semana. Mas ele não parece disposto a desistir do sonho de jogar profissionalmente. Na volta para casa, quase toda a colônia senegalesa da cidade conversavaem torno de uma travessa servida no chão da garagem com carne, batata frita, azeitona, pimentão, cebola, maionese e ketchup. Cada um servia-se enfiando todos os ingredientes num pedaço de pão. Todos menos Ndongo, que mal chegou e já saiu para jogar futebol de salão.