quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Construção Civil

18 jan08:41

Esperança para 17 haitianos em Navegantes

Dagmara Spautz, Jornal de Santa Catarina
Dois anos após o terremoto que sacudiu o Haiti, os olhos que presenciaram cenas de morte e destruição enchem-se, pela primeira vez, de esperança. Contratados pela Inbrasul Construtora e Incorporadora, 17 haitianos, vindos do Acre, uma das portas de entrada dos imigrantes no Brasil, desembarcaram na noite de segunda-feira em Navegantes com carteira assinada e a promessa de uma nova vida.
A empresa ofereceu, além do salário a partir de R$ 950, dependendo da função, teto e alimentação. Em troca, os trabalhadores se dispuseram a aprender. Diretor da construtora, Alexandre Dias diz que, embora os contratados já tenham experiência em obras, o modo de construir no Haiti é diferente do usado no Brasil. Há ainda a barreira da língua. Alguns se comunicam em espanhol, mas a maioria fala o dialeto crioulo e o francês, língua oficial do país.
A oportunidade era tudo que o pedreiro Thermilus Sylasse, 30 anos, esperava para se reerguer. Morador de Porto Príncipe, a capital do Haiti e o local mais devastado pelo tremor, ele viu, em janeiro de 2010, carros, construções e gente serem engolidos pela terra. Perdeu amigos, uma tia e o emprego.
Convívio forçado fez do grupo uma família: Josias Mirvil (E) ajuda o amigo e agora colega de trabalho Thermilus Sylasse a fazer a barba
Desde então, vivia sob uma lona. Realidade que, conta ele, é comum a muitos dos compatriotas.
A decisão de vir ao Brasil foi muito pensada. Sylasse vendeu tudo o que lhe restava e juntou US$ 2 mil para a viagem. Deixou a mulher e o filho pequeno em busca de uma renda que possa ajudar no sustento dos dois.
– Tive que sacrificar a mim e a minha família. Estou ansioso para começar a trabalhar, para poder mandar dinheiro para o Haiti – conta, esperançoso.
É este também o pensamento de Josias Mirvil, 33, que tem a companhia da mulher, Genica, na vida nova. Na bagagem vieram os poucos pertences do casal. No coração, a saudade dos filhos, uma menina e dois meninos, com quem não falam há três meses, nem por telefone.
– Me sinto mal de estar sem meus filhos, minha mulher chora a falta deles. Espero ficar bem para poder trazê-los para cá – revela.
Sem emprego, Josias havia saído do Haiti logo após o terremoto e buscado trabalho no Equador. Diz ter feito todo tipo de serviço, mas acabou, novamente, desempregado. Há três meses o casal decidiu vir para o Brasil.
A viagem para os haitianos é repleta de riscos. Os perigos incluem a ação de assaltantes e coiotes – pessoas que cobram cerca de 500 dólares pela levar os imigrantes do Peru à Bolívia, onde os haitianos finalmente têm acesso ao extremo Norte brasileiro. Apesar do drama, para o vidraceiro Marcedone Morigene, 35, a esperança de um recomeço faz tudo valer a pena:
– Os haitianos gostam do Brasil porque aqui nos tratam bem, como humanos. É como se eu estivesse no meu país.

Fonte: http://www.jornalacidade.com.br/noticias/cidades/NOT,2,2,911378,Para+eles+a+esperanca+mora+em+Cravinhos.aspx

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