O racismo de Londrina diz em alta voz: “Eu sou racista mesmo, sai daqui negão”.
Hoje lamentavelmente o racismo mostrou sua face perversa na cidade, dessa vez, não estava na TV nos programas policiais, não estava noticiando sequestros “relâmpagos” da GM. O racismo hoje, se manifestou numa expressão de ódio à negros imigrantes! Em pleno debate internacional sobre a “crise da imigração na europa” que prefiro chamar de capitalismo, presenciamos em nossa cidade a livre expressão do racismo que não se contentou apenas com palavras, mas que usou da agressão física! Força aos senegaleses e imigrantes africanos que chegam em Londrina e enfrentam o racismo na pele! Força a todos nós favelados, pretos, marginalizados que nasceram nessa terra que reproduz muito racismo! Situações assim me fazem ter convicção de que a luta está apenas começando e que precisamos aprofundar esse debate na cidade.
Em Londrina não tem apenas ingleses e japoneses, Londrina começou com nós negros carregando sacas de café num trabalho semi-escravo, nas lavouras, na infra estrutura urbana…. Nossa cidade é negra e o que não podemo mais aceitar é a história branca que contam nas escolas para as crianças e racistas que em plena luz do dia, acreditam que tem o direito de dizer “eu sou racista mesmo, sai daqui negão”…
Em Londrina não tem apenas ingleses e japoneses, Londrina começou com nós negros carregando sacas de café num trabalho semi-escravo, nas lavouras, na infra estrutura urbana…. Nossa cidade é negra e o que não podemo mais aceitar é a história branca que contam nas escolas para as crianças e racistas que em plena luz do dia, acreditam que tem o direito de dizer “eu sou racista mesmo, sai daqui negão”…
“Eu sou racista mesmo, sai daqui negão…”
É o que se ouve na cidade, é o que ecoa nas ruas,
“Eu sou racista mesmo, sai daqui negão…”
É o que me dizem na cara, de forma nua e crua.
É o que se ouve na cidade, é o que ecoa nas ruas,
“Eu sou racista mesmo, sai daqui negão…”
É o que me dizem na cara, de forma nua e crua.
“Eu sou racista mesmo, sai daqui negão…”
Trabalho nas ruas, sou vendedor, ambulante? “Tá mais pra salafrário!”
“Eu sou racista mesmo, sai daqui negão…”
Você veste terno e gravata, madame no salto, todos dizem que você é empresário
Trabalho nas ruas, sou vendedor, ambulante? “Tá mais pra salafrário!”
“Eu sou racista mesmo, sai daqui negão…”
Você veste terno e gravata, madame no salto, todos dizem que você é empresário
“Eu sou racista mesmo, sai daqui negão…”
“Tenho nojo de você, pega essa banana e some”,
“Eu sou racista mesmo, sai daqui negão…”
O branco tá se lixando pra minha realidade: desigualdade, segregação e fome
“Tenho nojo de você, pega essa banana e some”,
“Eu sou racista mesmo, sai daqui negão…”
O branco tá se lixando pra minha realidade: desigualdade, segregação e fome
“Eu sou racista mesmo, sai daqui negão…” Londrina diz essa frase quando invisibiliza a história da população negra na cidade! Londrina nos diz essas palavras em alto e bom tom todos os dias! Nossas pautas não tem força na câmara, na prefeitura, pois esses espaços de poder nos excluem, nos dizem bem alto “…sai daqui negão…”. Da mesma forma a cidade nos diz essas palavras quando nega creches para as mães negras trabalhadoras, que não tem onde deixar seus filhos. A cidade nos diz essas palavras, quando nos nega a cultura, quando faz operação policial na Concha Acústica para que as batalhas de rima não aconteçam no centro da cidade, para que a cidade não seja ocupada pela cultura de resistência negra, a cultura da favela. A cidade nos diz essas palavras, quando a câmara não investiga as operações abusivas da PM e da GM que afirmam seu caráter de limpeza étnica-cultural.
A cidade nos diz “…Eu sou racista mesmo…” quando mantém seus altos níveis de violência obstétrica contra as mulheres negras na maternidade e nada é investigado. Nos dizem essas palavras, quando trabalhadores imigrantes negros são segregados nas indústrias da cidade, são vítimas de regimes de trabalho de semi-escravidão em sub-empregos. Todo dia a cidade pronuncia essas palavras no terminal central de londrina, quando os seguranças privados da TCGL veem e seguem no terminal, estudantes da periferia que estudam no centro, até que estes saem dali, a vigilância é constante e somos tratados como suspeitos, marginais. A cidade nos manda todos os dias, em alto e bom tom: “Eu sou racista mesmo, sai daqui negão”.
Essa frase diz muito não apenas de um pensamento individual, mas de uma constituição de cidade! Londrina tem suas bases sólidas fundadas no racismo, numa história que invisibilizou a história da população negra na cidade, e de praxe, que esconde o quanto a cidade é racista! Se a história for contada, o discurso que nos criminaliza todos os dias nos programas policiais, que nos resumem a meninos negros sem pai que cometeram mais um assalto. Somos negros, somos favelados, somos imigrantes. Fomos marginalizados, ridicularizados, criminalizados, explorados! Memorial em nossa homenagem não temos, só ruas com o nome “capitão do mato”.
O racismo existe na cidade, e está em cada esquina, nas ruas e até dá uns gritos hora ou outra, pra que as pessoas se lembrem, que mesmo numa terra onde não teve casa grande e nem senzala, o branco se considera e se reivindica senhor e tem a liberdade de se indignar pelo fim da escravidão. Branco aqui não tem pelourinho pra punir em público o negro que se destaca, mas tem TV no horário nobre que não escapa. Branco aqui não tem chicote, mas usa o punho, a língua, a farda e bala.
Se a periferia quiser, nós podemos!
Fonte: https://santossilvaph.wordpress.com/2015/09/10/o-racismo-de-londrina-diz-em-alta-voz-eu-sou-racista-mesmo-sai-daqui-negao-2/
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