quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Contratação de haitianos pela Dália
 é destacada pela Unesco
Exemplo vai ser tema de publicação editada em parceria com a Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República


Crédito da foto: Carina Marques
Encantado - O trabalho e o modo de atuação da Dália Alimentos com os funcionários haitianos que trabalham na cooperativa. A iniciativa é considerada um case de sucesso pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco). Ao todo, são 200 haitianos que integram o quadro de funcionários da cooperativa, que começaram a chegar em 2012.



Em conjunto com a Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, a Unesco está elaborando material para a publicação de 12 cadernos educacionais sobre Direitos Humanos. A Dália Alimentos será retratada em um dos cadernos, que trata sobre o tema “Direito ao Trabalho com Dignidade.” O volume abordará o trabalho digno no Brasil. O material está sendo documentado pela consultora internacional de Educação em Direitos Humanos, Alessandra Teixeira. A advogada e mestre em Legislação Internacional dos Direitos Humanos é quem está atuando junto ao projeto da Unesco.



Ela conta que escolheu a Dália para ilustrar o material, porque se interessava em conhecer um empreendimento, cujos haitianos contratados houvessem permanecido na empresa. “Levei isso em consideração, pois o relato da Secretaria de Direitos Humanos do Acre (Estado porta de entrada para os imigrantes) é de que muitos deles não se adaptam às empresas que os empregam. Por isso, a escolha pela Dália”, explica.



A publicação, junto com toda a coletânea, deve ser lançada no mês de dezembro para todo o país e terá como público-alvo conselheiros tutelares. “O principal objetivo é levar informações às pessoas que estão diretamente envolvidas no trabalho com direitos humanos, mas que não possuem formação específica na área”, detalha a advogada.



O título da coleção é “Por Uma Nova Cultura em Direitos Humanos” e busca eliminar os pré-conceitos de que direitos humanos são relacionados apenas e unicamente aos direitos dos presidiários, mas sim os direitos fundamentais de todas as pessoas, presente no dia-a-dia de cada um. O material também visa mostrar o amplo leque abarcado pelos direitos fundamentais.



Motivo de orgulho

Para o presidente Executivo da Dália Alimentos, Carlos Alberto de Figueiredo Freitas, ter o nome da Dália veiculado ao material da UNESCO é motivo de orgulho, pois se trata de uma organização internacional muito respeitada. “Saber que o modo como a Dália conduziu e conduz a vinda dos haitianos é notícia para uma instituição tão importante e respeitada internacionalmente nos enche de orgulho. Enobrece a Dália, a cidade de Encantado, o Rio Grande do Sul e o Brasil.”



Cenário atual

Hoje, a Dália Alimentos emprega cerca de 200 haitianos. O primeiro grupo de 50 pessoas chegou à empresa em outubro de 2012. Na bagagem, o sonho de um trabalho digno e de um novo traçado para a vida devastada pelo terremoto que atingiu o Haiti em 2010.



Em virtude da adaptação favorável, em janeiro deste ano um novo grande grupo chegou a Encantado. Naquela oportunidade, foram 75 haitianos. Desde então, pequenos grupos saem de Brasileia, no Acre, e rumam ao Rio Grande do Sul em busca de oportunidades de trabalho. Na cooperativa, eles estão lotados nos setores de laticínios, frigorífico e na fábrica de rações.

FESTIVAL DE FOLCLORE LATINO-AMERICANO DO PARANÁ

O evento será neste no sábado com o grupo Folclore Latino Integracion e Ailac Latinos. 
Estão todos convidados !!



 Informações com Carmen telefone: 98298813

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

II seminário de Mobilidade Humana/RS: 

Direitos Humanos, Políticas Públicas e Migrações Transnacionais no Brasil






MAIS INFORMAÇOES:- E-mail: forummobilidaders@gmail.com
- CIBAI Migrações. Fone (051) 3226 8800 - Rua Barros Cassal, 220 – Bairro Floresta.


quinta-feira, 17 de outubro de 2013


        Gringos com alma curitibana

Amor, fé ou trabalho: as diferentes razões que levam um estrangeiro a adotar a capital paranaense como novo lar

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Um peixe fora d’água. Era assim que a professora cubana Teresita Campos, 55 anos, se sentia quando desembarcou em Curitiba, em 1997, como convidada para dar aulas na Universidade Tuiuti. Mas o “desconforto” não durou muito tempo e os vínculos com a nova terra foram se estabelecendo a cada dia. Ainda mais porque os filhos se mudaram com ela, criaram família aqui e seus netos são brasileiros.
Kathryn Dalley, 37 anos, abandonou a antiga vida na Nova Zelândia e, em julho deste ano, se mudou para uma casa rodeada de muito verde em Santa Felicidade. O motivo da repentina mudança tem nome e sobrenome: Paulo Tramujas, um curitibano que conheceu em uma festa na Cidade do México no último réveillon. A paixão, conta o casal, foi como um tornado e ela desembarcou de mala (e sem cuia) na capital paranaense.
Números
As dez nacionalidades mais presentes na capital do Paraná em 2010:
Estados Unidos: 2.724 
Espanha: 973 
Reino Unido: 901 
Japão: 890 
Portugal: 689 
Itália: 649 
Alemanha: 470 
Canadá: 426 
França: 387 
Austrália: 330
*Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)
Pelo menos 10.253 estrangeiros vivem em Curitiba, segundo os dados do Censo de 2010. Isto é 0,6% da população total. “É um número muito pequeno”, avalia Julio Suzuki, diretor do centro de pesquisa do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes). “Mas é uma situação comum a todo o Brasil que é um país fechado demograficamente e tem leis de imigração muito rígidas.”
Mas, nos últimos anos, os fluxos migratórios recomeçaram com certa intensidade. De 2000 para 2010, a população estrangeira no Brasil dobrou. “Nos últimos anos, vieram americanos, japoneses, franceses, espanhóis, portugueses, coreanos e chineses, mas poucos do Mercosul”, diz Rafael Wolff, gerente comercial da Imóveis Exclusivos, imobiliária especializada em locar residências para estrangeiros. “Neste segmento específico atendemos de 50 a 100 pessoas por ano”, comenta, referindo-se principalmente a diretores e executivos que vêm para Curitiba para trabalhar em empresas multinacionais.
A vinda de tanta gente de fora acaba fazendo com que a cidade ganhe outros contornos. O comportamento reservado típico dos curitibanos, que teve em parte raízes na imigração europeia dos séculos 19 e 20, por exemplo, tem mudado com o tempo e, por que não dizer, com os novos moradores. “É inegável que as diversidades culturais e de hábitos dos estrangeiros acabam se incorporando aos costumes locais e enriquecem a sociedade”, diz Suzuki.
Mel Gabardo/Gazeta do Povo
O amor não conhece fronteiras
Kathryn Dalley, 37 anos, é, sem dúvida, uma cidadã do mundo. Nascida em Auckland, na Nova Zelândia, ela visitou 58 países e o Brasil foi seu último destino. Ela chegou a Curitiba em junho deste ano atrás de seu grande amor: “Eu e Paulo nos conhecemos na Cidade do México e nos apaixonamos. Ele passou seis semanas na minha cidade, mas quando resolveu voltar a Curitiba, vim com ele”.
Kathryn ainda não fala português, mas garante que sabe sambar muito bem. Ela conta que aprendeu na Nova Zelândia com um grupo de dançarinas brasileiras e chegou até a se apresentar em teatros em Sidney, na Austrália.
Enquanto procura emprego como assistente executiva, ensina inglês em uma escola de idiomas e aproveita para conhecer a cidade. “O dia em que cheguei foi maravilhoso. Era um domingo ensolarado e fizemos um churrasco no Parque Barigüi.” A primeira impressão sobre Curitiba é de um bom lugar para se viver, com uma atmosfera rústica e moderna ao mesmo tempo, que lembra as cidades europeias.
Para não perder o vínculo com o país natal, fez amigos neozelandeses por meio do Facebook. “São cinco pessoas do meu país e um deles mora na minha rua. Uma vez por mês nos encontramos para conversar e trocar nossas experiências”, diz.
Na foto, família unida: Kathryn Dalley e Paulo Tramujas com a pitbull Chica.
• O que Kathryn Dalley acha dos brasileiros?
“São alegres, felizes e só pensam no presente, sem se ­­preocupar muito com o futuro. Exatamente o contrário do que acontece na Nova Zelândia”.
• O que não gosta do Brasil?
“A burocracia e o frio do inverno curitibano.”
• Comidas preferidas?
“Feijoada e costela assada.”


Em busca dos sonhos na nova terra
Mel Gabardo/Gazeta do Povo

Roberto Rosati em seu laboratório no Hospital Pequeno Príncipe
Se o Brasil é um país de oportunidades, o italiano Roberto Rosati, 39 anos, encontrou a sua. Doutor em Farmacêutica pela Universidade de Perúgia, é hoje pesquisador no laboratório do Hospital Pequeno Príncipe. Entre provetas e ­­reagentes químicos, Rosati busca baratear o custo do exame do Sistema Único de Saúde (SUS) que detecta a leucemia. Um feito que, quando atingido, mudará a vida de milhares de crianças brasileiras.
Há sete anos, quando deixou o pequeno burgo medieval de Gubbio em companhia da esposa, a curitibana Regina Izé, nem imaginava que a sua vida pudesse tomar esse rumo. “Lá não tínhamos muitas perspectivas e resolvemos vir para a cidade dela e construirmos uma nova vida.”
Quanto às diferenças entre Curitiba e sua cidade natal, ele afirma que a realidade aqui é muito diferente. “Mas gosto de morar no Brasil. Há muito verde e a natureza é deslumbrante. Quando cheguei, vi pela primeira vez os ipês floridos. Foi uma imagem maravilhosa”, conta com seu sotaque carregado. Hoje, ele tem uma filha de 4 anos e uma única certeza: a de querer ficar em Curitiba com a sua família mais brasileira que italiana.
• O que Roberto Rosati mais gosta do Brasil?
“A natureza.”
• O que mais o preocupa? 
“A violência diária.”
• O que acha das novelas?
“É incrível como nas novelas você vê pessoas tão malvadas capazes de odiar de uma maneira tão intensa”.


Mel Gabardo/Gazeta do Povo
Quando a fé indica o melhor caminho
Shahla Maani Shaikhzadeh, 58 anos, tem traços típicos do Oriente Médio. Ela nasceu no Irã, mas, após 44 anos no Brasil, o sotaque persa praticamente desapareceu. Quando desembarcou em dezembro de 1968, aos 14 anos, o Irã ainda vivia sob o comando do xá Mohammad Reza Pahlavi. A revolução iraniana ocorreria só em 1979, tornando as perseguições contra as minorias étnicas e religiosas ainda mais duras.
Sua família veio ao Brasil com uma missão: espalhar a Fé Bahá’í, a religião fundada pelo profeta Bahá’u’lláh, em 1844, na antiga Pérsia. “Fomos pioneiros no Brasil. Quando cheguei, não conhecia quase nada sobre o país, mas também na escola quase ninguém sabia coisa alguma do Irã.”
A nova cultura mudou muitos dos seus hábitos, mas Shahla ainda tenta manter tradições e costumes, como preparar um típico chá no samovar, uma chaleira muito utilizada na Ásia Menor. “O que eu encontrei no Brasil foi a grande liberdade: aqui ninguém sofre preconceitos religiosos”, diz. Vontade de voltar ao Irã? “Só para passear”, afirma ela, que é casada com o também iraniano Foad Shaikhzadeh e tem dois filhos.
• O que Shahla Shaikhzadeh acha de Curitiba:?
“É uma cidade modelo com um transporte público muito bom”.
• O que acha dos brasileiros?
“É um povo alegre e amistoso. Dizem que os curitibanos são frios, mas eu sempre fui muito bem recebida”.
• O que a preocupa?
“A insegurança”.


Acolhida com carinho fez a diferença
Mel Gabardo/Gazeta do Povo
A cubana Teresita Campos, 55 anos, chegou a Curitiba, em 1997, como professora convidada pela Universidade Tuiuti. “No começo, me senti deslocada. Mas fui acolhida com carinho e me enturmei facilmente com meus colegas. Se não fosse por eles, não teria ficado”, recorda ela, que ensina Letras e dá aula de Língua Espanhola.
Para matar as saudades do país caribenho, Teresita promove com amigos festas cubanas em uma chácara. “Preparamos comida típica, falamos gírias que não temos possibilidade de usar no dia a dia, dançamos salsa, bebemos rum e fumamos charutos”, conta.
Sobre o futuro, a professora ainda vive algumas incertezas. “Acumulei 24 anos de trabalho em Cuba e 15 no Brasil, mas como não há acordos bilaterais entre os países, não tenho direito à aposentadoria em nenhum dos dois.” Hoje, ela vive em Curitiba com toda a família e os netos são brasileiros.
• O que Teresita Campos acha de Curitiba?
“É uma cidade linda, bem planejada e com pessoas educadas. Dizem que as pessoas são frias, mas eu fiz boas amizades no ponto de ônibus”.
• O que aprendeu no Brasil?
“A separar o lixo.”
• Do que mais sente falta?
“Em Cuba, as pessoas têm um sentimento de solidariedade muito maior do que aqui e se ajudam mais. Por exemplo, oferecer carona é quase obrigatório para quem tem um carro”.


Mudança de rumo na cidade certa
Mel Gabardo/Gazeta do Povo

Augustine Ukeje com o filho Lucas
O que trouxe o nigeriano Augustine Ukeje, 44 anos, ao Brasil foi a vocação. Ele desembarcou por aqui para estudar Teologia e se tornar padre, mas quando foi ordenado diácono, o medo tomou conta. “Temia ficar sozinho quando envelhecesse e deixei a Igreja.” Hoje, ele trabalha como porteiro noturno em um prédio de Curitiba, mas mantém o gosto pelos estudos que aprendeu na faculdade (se formou em Letras na Nigéria e em Filosofia e Teologia no Brasil) e pelas línguas. Ukeje fala fluentemente português, inglês, francês e ibu, um dos dialetos da sua terra, e um pouco de alemão.
O Brasil foi para ele a terra das oportunidades. Casou com a curitibana Irene e tem um filho, Lucas, de 7 anos, que torce para duas seleções de futebol: Brasil e, claro, Nigéria. “Pretendo ficar aqui até meu filho crescer, depois ainda não sei. Enquanto temos saúde, podemos construir a nossa vida em qualquer lugar do mundo”, diz sorrindo. Ukeje admite que tem saudade da terra natal, mas acha difícil voltar por causa dos problemas políticos e econômicos.
• Com que Augustine Ukeje se surpreendeu no Brasil?
“Com os abraços. Os brasileiros se abraçam muito, na África não temos esse costume. É com certeza um ponto muito afetuoso”.
• Do que sente falta?
“Da família, dos amigos e de caçar. Na Nigéria costumamos caçar capivaras, búfalos e porcos do mato”.
• O que gostaria de fazer?
“Tentamos criar uma comunidade de nigerianos em Curitiba, mas somos poucos e não temos apoio da embaixada”. 

Estrangeiros contam como é viver em Curitiba

Veja as motivações que levaram cinco pessoas de outros países a adotar a capital paranaense como novo lar e como se adaptaram à nova vida.


Nova cédula nacional de identidade de refugiados facilitará sua integração no Brasil‏. 


Nova cédula nacional de identidade de refugiados facilitará sua
integração no Brasil

O termo “refugiado” foi retirado do documento de identidade e
substituído por “residente”. Estrangeiros já podem solicitar novo
documento

BRASÍLIA, 17 de outubro de 2013 (ACNUR) – Uma demanda histórica da
população refugiada que vive no Brasil acaba de ser atendida pelo
Governo Brasileiro: o termo “refugiado” foi retirado da cédula
nacional de identidade desses estrangeiros e substituído por
“residente”. Além disso, o documento informará que os refugiados
estão “autorizados a exercer atividade remunerada” no país (com base
na lei brasileira de refúgio - Lei 9.974, de julho de 1997).

A mudança já está sendo implementada pelo Departamento de Polícia
Federal (DPF), em parceria com o Comitê Nacional para os Refugiados
(CONARE), órgão ligado ao Ministério da Justiça. A DPF é responsável
pela emissão das cédulas de identidade de todos os estrangeiros
residentes no Brasil – inclusive aqueles reconhecidos como refugiados
pelo CONARE. 

Segundo informação da Polícia Federal, os refugiados que possuem o
modelo antigo da Cédula de Identidade de Estrangeiro (CIE) podem
solicitar uma versão atualizada do documento. Para isso, é preciso pagar
uma taxa de R$ 305,03 – também válida para a primeira via do
documento.

A retirada do termo “refugiado” da Cédula de Identidade de
Estrangeiro (CIE) sempre foi demanda pelos próprios refugiados
residentes no Brasil durante as avaliações participativas feitas com
essa população. Homens e mulheres, tanto jovens como adultos,
argumentavam que o termo “refugiado” oferece margem a interpretações
incorretas, dificultando, principalmente, o acesso ao mercado de
trabalho e a integração socioeconômica no país. 

Com base nos resultados dessas avaliações, o Alto Comissariado da ONU
para Refugiados (ACNUR) e seus parceiros passaram a solicitar a mudança
junto às autoridades do governo federal. 

Ao analisar uma consulta feita pelo CONARE e pela Defensoria Pública da
União, em junho de 2012, a Consultoria Jurídica do Ministério da Justiça
emitiu parecer recomendando à Polícia Federal a retirada do termo
“refugiado” das CIEs, com a finalidade de "preservar os
refugiados de discriminação ou estigmatização decorrente de errônea
interpretação da expressão em questão”. 

No parecer, a consultoria jurídica do MJ avalia que a mudança na cédula
de identidade dos refugiados ajudará o processo de integração desses
estrangeiros residentes no Brasil, assegurando um tratamento digno, sem
qualquer discriminação. 

“Esta mudança na cédula de identidade dos refugiados é uma conquista
que beneficiará toda a população refugiada, pois o próprio termo ainda
gera dúvidas de interpretação, tanto do ponto visto legal como
semântico. É uma conquista que podemos considerar histórica, e
esperamos que facilite a integração socioeconômica dos refugiados no
Brasil”, afirma o representante do ACNUR no país, Andrés Ramirez.

O secretário Nacional de Justiça e presidente do CONARE, Paulo Abrão,
também avalia o avanço como histórico, já que o pedido dos refugiados é
antigo. “Com essa alteração, o Brasil cumpre com o seu papel de
ampliar o rol de direitos e garantias dessa população, evitando a sua
estigmatização e mantendo o diálogo aproximado com as comunidades e o
aprimoramento das suas boas práticas", disse Paulo Abrão.

Outras medidas – Recentemente, o Ministério da Justiça anunciou três
outras ações para simplificar o processo de concessão de refúgio no
Brasil. Desde setembro, os estrangeiros que chegam ao país e solicitam o
reconhecimento de sua condição de refugiado podem pedir o protocolo
provisório de solicitação de refúgio diretamente com a Polícia Federal.
Antes, o documento dependia de declaração prévia do CONARE.

Outra medida flexibiliza os critérios legais para concessão da
reunificação familiar. Além disso, uma resolução do CONARE (nº 17)
facilita a concessão de vistos de entrada no país para todos os
estrangeiros que sejam afetados pelo conflito da Síria, vivam nos países
vizinhos ao conflito e queiram solicitar refúgio em território
brasileiro. 
Signatário da Convenção da ONU de 1951 sobre o Estatuto dos Refugiados,
o Brasil abriga cerca de 4.400 estrangeiros reconhecidos como refugiados
pelo Governo Brasileiro.

As estatísticas demonstram um claro crescimento nas chegadas de
solicitantes de refúgio no país. Entre 2010 e 2012, o número total de
pedidos de refúgio feito a cada ano mais que triplicou (de 566 em 2010
para 2.008 no ano passado). Neste ano, as projeções do Ministério da
Justiça indicam que o país já recebeu cerca de 3.500 novas solicitações
de refúgio.

 Para mais informações: 
Lucas Rosário (Assessoria de Imprensa do Ministério da Justiça)
Tel (61) 2025-9109 e email acs@mj.gov.br 

Por Júlia Tavares e Marília Nestor, de Brasília


ACNUR Brasil
Assessoria de Comunicação
Fone: (61) 3044.5744
Fax: (61) 3044.5705
e-mail: informacao@unhcr.org

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As veias abertas e a boa comida da América Latina

11ª FESTA LATINA EM CURITIBA- PR

Empanadas argentinas (FOTO: Larissa Mehl)
Empanadas argentinas (FOTO: Larissa Mehl)
Por Elaine de Lemos
Há 11 anos acontece em Curitiba, no fim de semana do 12 de outubro, a festa da Imigração Latino-americana, promovida pela Pastoral do Imigrante e pelas comunidades dos vários países que aqui se estabeleceram. Os últimos que chegaram foram os haitianos, gente muito simpática – e como dançam! Aliás, a parte de danças e música da festa por si só já vale a viagem até o Bosque São Cristóvão.
Bolo de figo peruano e arepa colombiana (FOTO: Larissa Mehl)Bolo de figo peruano e arepa colombiana (FOTO: Larissa Mehl)
Meu primeiro contato com a cultura latino-americana foi tendo aula de zampoña no Solar do Barão, na minha fase bicho grilo de poncho e conga. Por conta disso, admito que adoro de Violeta Parra atéShakira… Nas aulas de zampoña, fiz amizades que perduram até hoje, e olhe que já são 30 anos.
De lá para cá, o fascínio pela cultura desses países só aumentou, andando lado a lado com a vontade de comer o que eles comem. A influência espanhola também contribuiu pra coisa ficar interessante. Dasempanadas, que são uma espécie de mãe gastronômica – cada país tem a sua – ao ceviche peruano, passando pelo meu anticucho (espetinho de coração de boi MUITO temperado) as arepas colombianas (que lembram, na aparência, a nossa tapioca), os lomitostamalesmouros ecristianoschoripan (o clássico pão com linguiça) enfim, é uma variedade nervosa de comidas boas, feitas pelas famílias que fizeram suas vidas aqui.
Pasqualina uruguaia e alfajores peruanosPasqualina uruguaia e alfajores peruanos (FOTO: Larissa Mehl)
Tão bom quanto experimentar sabores e temperos diferentes é a chance conhecer e trocar impressões com pessoas vindas de países vizinhos. Falando sobre futebol com o Andrés, da barraca colombiana, ficamos sabendo que o torcedor do Santa Fé adotou o Corinthians ao chegar ao Brasil, cinco anos atrás. Já na barraca paraguaia, o pessoal é Olímpia desde criancinha e Atlético pras bandas de cá.
Cada ano que passa a festa vai ficando mais reconhecida, e que assim siga!
Quem perdeu, só depois da Copa do mundo… Tres vivas por La America Latina!!!

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Nossos agradecimentos às pessoas que fizeram da nossa 11ª Festa Latina um grande sucesso.

A Festa Latina organizada pela pastoral do Migrante em Curitiba, mais uma vez foi um sucesso. Este sucesso não teria sido alcançado se não tivéssemos contado com a participação e colaboração de todos que participaram nas preparações que antecederam o grande dia, uma equipe super animada, que colaborou na organização. E a todos que prestigiaram nossa festa, enfim, a todos que colaboraram com generosidade. Muito obrigado!
 A colaboração de cada um ou de cada família engrandece e embeleza o todo. 

    É muito gratificante para nós, presenciar que podemos caminhar juntos para alcançar objetivos, a integração e a convivência fraterna. 




Equipe da Pastoral do Migrante - Curitiba





terça-feira, 15 de outubro de 2013

Outubro é só festa na Santa e Bela Catarina
festas outubro 2011  350No mês de outubro, Santa Catarina transforma-se no melhor e mais animado destino turístico do País. Em diferentes cidades do Estado acontecem dezenas de festas típicas, de grande e médio porte, que chegam a reunir mais de dois milhões de pessoas. São as chamadas “Oktoberfestas”, onde a dança, a música, o chope e a comida típica, resgatam as tradições herdadas dos imigrantes alemães, italianos, portugueses, açorianos, austríacos, entre outras etnias, que formaram a base do povo catarinense.
Tudo começou com a Oktoberfest de Blumenau, cidade fundada em 1850 no Vale do Rio Itajaí-Açu, com o propósito de levantar o ânimo de seus moradores abalados por duas grandes enchentes em 1983 e 1984. Depois de três edições, a festa estava consolidada e a partir de 1987 ganhou a simpatia nacional, passando a receber, em média, 750 mil visitantes a cada edição. Seu sucesso foi o ponto de partida para a criação de outros eventos do gênero em cidades próximas, que pela sua organização e interesse despertado na população local e nos turistas, permitiram consolidar um verdadeiro “Circuito de Festas” na Santa e Bela Catarina.
Não é difícil fazer todo o circuito. Em uma semana é possível visitar boa parte das festas, principalmente porque as distâncias entre as cidades sedes são pequenas, oscilando entre no máximo 170km e no mínimo 35km de via rodoviária, entre as que se situam próximas do litoral. É o caso de Blumenau, sede da Oktoberfest; Brusque, com a Fenarreco; Em Rio do Sul, com a Kegelfest; Porto Belo, com Festival do Camarão; Jaraguá do Sul, com a Schützenfest; e a Festa do Imigrante de Timbó. Mais para o interior acontece a Tirolerfest, em Treze Tílias, no meio Oeste do Estado e a Oberlandfest em Rio Negrinho, na região norte catarinense. A Oktoberfest, em Itapiranga, se realiza próximo da divisa com a Argentina e bem próximo, em Chapecó acontece a Efapi. Em Florianópolis, ocorre a Fenaostra e ao sul do Estado, em Forquilhinha temos a Heimatfest e a Festa do Produto Colonial em São Martinho.
Clic e veja o mapa das festas


Fonte: http://www.santur.sc.gov.br/noticias/1/1615-outubro-e-so-festa-na-santa-e-bela-catarina.html

Há 80 anos, no dia 13 de outubro, 83 imigrantes tiroleses chegaram em SC

A cultura austríaca se transformou na força para superar obstáculos na colonização


Há 80 anos, no dia 13 de outubro, 83 imigrantes tiroleses chegaram em SC Moacir Pereira/Agencia RBS
Vista do Vale Tirol na Áustria com montanhas ao redorFoto: Moacir Pereira / Agencia RBS
                     Moacir Pereira moacir.pereira@gruporbs.com.br
Desde o dia em que decidiram migrar para o Brasil em busca da terra prometida para fugir da fome e da miséria que atingiam a Europa no pós-guerra e da depressão de 1929, os tiroleses enfrentaram incontáveis adversidades, pesados obstáculos e muitos problemas que não estavam nos planos do ministro da Agricultura da Áustria, Andreas Thaler.

O fundador de Treze Tílias viajara anos antes pela América do Sul e tinha outras preferências para instalar uma comunidade austríaca. Mas optou pelas terras a 15 quilômetros de Ibicaré porque ali havia uma estação ferroviária e teria o suporte do Consulado da Alemanha em Joaçaba. Além disso, havia semelhança geográfica com as montanhas do Tirol e, sobretudo, porque na visita ao cemitério local não encontrou túmulos de crianças. Veio com toda a família e vários filhos menores, como os demais imigrantes.

Os tiroleses embarcaram em Gênova no dia 10 de setembro de 1933. Viajaram oito dias e ao chegar no Rio de Janeiro ficaram esperando mais uma semana na Ilha das Flores. Ali, a primeira surpresa: o ministro teve uma mala roubada. No dia 6 de outubro ocorreu a viagem do Rio a São Francisco do Sul, e do porto, pela Estrada de Ferro São Paulo-Rio Grande, até a parada em Ibicaré. No dia 13 de outubro, há 80 anos, 83 imigrantes chegavam ao destino onde prevalecia mata virgem e terríveis adversidades.

A cultura austríaca se transformou na força interior para superar todos os obstáculos. A Banda dos Tiroleses, que projetaria a cidade décadas depois em todo o Brasil, foi criada dentro do "Principessa Maria", o navio que os trouxe para Santa Catarina. A energia espiritual foi dada pela fé católica. As danças, as músicas, o folclore, os corais, as artes e a escultura colocaram anabolizante entre os imigrantes, unindo a comunidade em torno das tradições austríacas.

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Conferência em Foz do Iguaçu- PR vai reforçar a luta contra o tráfico de pessoas

A Cáritas Arquidiocesana de Londrina juntamente com a Pastoral do Migrante, estiveram presentes na 1ª Conferencia Estadual para o Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas, nos dias 07 e 08 de outubro de 2013.


De acordo com a coordenadora do NETP/PR, Stella Maris Natal, o objetivo da conferência é difundir a política nacional de enfrentamento ao tráfico de pessoas com a inclusão dos órgãos parceiros no Paraná. Ou seja, uma integração para, assim, implantar ações para criar uma rede de atendimento dentro do estado.
Segundo o órgão, o NETP/PR vem realizando a capacitação de servidores para o aprimoramento os instrumentos jurídicos que baseiam as ações de enfrentamento. Em um ano de funcionamento, várias pessoas do Paraná foram encontradas em outros estados ou países e foram trazidas de volta à cidade de origem.
A coordenadora alerta que os aliciadores das vítimas atuam, principalmente, em agências de emprego, modelos, casamentos ou sites de relacionamento, clubes e “olheiros” em busca de atletas, além de ONGs responsáveis por adoções nacionais e internacionais. 
Fonte: http://g1.globo.com                                 Fotografias: Caritas de Londrina

quarta-feira, 9 de outubro de 2013

VEM AÍ A 11ª FESTA LATINA EM CURITIBA-PR
REALIZAÇÃO PASTORAL DO MIGRANTE

DOMINGO DIA 13 DE OUTUBRO EM SANTA FELICIDADE





Haitianos recebem aulas de português em Curitiba- PR

Após adotar o Brasil como lar, migrantes do Haiti estudam a língua portuguesa para romper barreiras nos estudos e no trabalho
Daniel Castellano/Gazeta do Povo / Do quadro-negro para a mesa de cirurgia: Josué Matxis, há sete meses em Curitiba, sonha em cursar Medicina
Do quadro-negro para a mesa de cirurgia: Josué Matxis, há sete meses em Curitiba, sonha em cursar Medicina
Quando decidiu deixar o Haiti, há sete meses, o professor de Física Fednel Pierressaint, 24 anos, não imaginava que o idioma seria uma barreira tão grande, talvez até maior do que o preconceito enfrentado para ser um cidadão no Brasil. A exemplo de seus mais de mil conterrâneos que, estima-se, vivem na região de Curitiba, Fednel tem mais estudos que boa parte dos brasileiros, fala francês e crioulo (um dialeto haitiano), mas, mesmo assim, não consegue emprego melhor do que assentar tijolos na construção civil. A alternativa para tentar mudar esse cenário surgiu há pouco mais um mês: lições de língua portuguesa.
Fednel e outros 40 haitianos de Curitiba se reúnem nas noites de segunda a quinta-feira, na Escola Municipal Professor Brandão, no Alto da Glória, para aprofundar o contato com o idioma. “O que eu quero é, de dia em dia, falar melhor a língua, para explorar minha capacidade. Nunca pensei em trabalhar na construção. Não é minha vocação”, diz Fednel, pausadamente, em um português claro – prova de que as aulas têm ajudado.
Daniel Castellano/ Gazeta do Povo
Daniel Castellano/ Gazeta do Povo / Ex-gerente de supermercado, Johndy Choute vive há três anos em CuritibaAmpliar imagem
Ex-gerente de supermercado, Johndy Choute vive há três anos em Curitiba
Auxílio
Ensino do idioma começou em ONG com turma de sete alunos
Antes que a prefeitura abraçasse os haitianos por meio das aulas, a Casla Latinoamericana – uma ONG que ajuda migrantes com todo tipo de assessoria, inclusive jurídica – improvisou aulas de português aos sábados pela manhã. Em pouco tempo, a turma que começou com sete alunos já contava com mais de 90.
“Foi aí que pedimos esse apoio da prefeitura”, conta a internacionalista Fabiane Mesquita. “As pessoas os veem como fugidos, bandidos, gente que vem tomar o emprego dos outros. Muitos não tem documentação, então a Casla procura casas para eles ficarem e um professor aqui acaba sendo fiador”, diz Fabiane.
Preconceito, burocracia e falta de políticas públicas para o migrante são as dificuldades apontadas pelos estrangeiros que se arriscam no país. “Um dia peguei um jornal, e perguntaram: haitiano sabe ler? Só porque não falamos português acham que somos burros”, recorda Fednel Pierressaint, que quer estudar Medicina na Universidade Federal do Paraná (UFPR).
“A universidade não é para estrangeiros, é difícil entrar. O Brasil é um país caro. Nos falta muita coisa”, completa Johndy Choute, 31 anos, três deles em Curitiba. Gerente de supermercado no Haiti, onde deixou esposa e dois filhos, ele tem planos de, futuramente, “morar” nos dois países. “Mas falta segurança para vir com a família,” diz.
A professora, Ciomara Amorelli Viriato da Silva, não fala francês e nunca tinha ensinado a língua materna a estrangeiros. “Minha experiência era com a formação de professores indígenas para alfabetização de crianças em português. Mas não é difícil. Fazemos ‘teatro’, desenho no quadro, e um aluno mais avançado explica para alguém que não entendeu”, conta.
Os alunos têm se esforçado. Mesmo depois de uma jornada estafante, os haitianos encontram forças para caminhar quilômetros a pé e assistir às aulas. “Quero fazer Medicina, mas sem o certificado de fluência no português, você não faz nada”, explica Josué Matxis, 24 anos.
Há sete meses em Curi­tiba, onde mora com outros haitianos em uma casa alugada pela empresa de construção civil em que trabalha, o jovem ganha R$ 1 mil por mês. No Haiti, a remuneração era de três dólares por hora para aulas de Física e Matemática.
Sonho
Cursar o ensino superior é um sonho compartilhado por grande parte dos migrantes, como Dina Jean, que é passadeira em uma lavanderia do Batel. “Quero falar muito bem, me explicar bem, para estudar Farmacologia”, conta. Acompanhada do marido, Dina abandonou o trabalho em uma ONG internacional de assistência social e deixou os dois filhos, de 3 e 6 anos, aos cuidados da irmã. Em Curitiba, com muito custo, o casal alugou uma casa no bairro Centenário. “Foi muito difícil conseguir alugar. Não quero trazer os filhos, a língua é difícil, é tudo difícil”, lamenta.
Para a professora Cio­mara, os relatos dos migrantes comprovam a necessidade da criação de um centro específico para o ensino da língua a estrangeiros. “Eles estão aqui ajudando a cidade. Há muitos na obra da Arena, do Pátio Batel, mas o salário é muito pouco. O que eles ganham em troca?”, questiona.
“Eles foram iludidos”, diz assistente social
Os atendimentos a haitianos são frequentes na Pastoral do Migrante de Curitiba desde 2011, quando eles começaram a desembarcar no país. Segundo a assistente social Elizete Sant’Anna de Oliveira, a migração é forçada pela inexistência de postos de trabalho no Haiti. “Eles vieram muito iludidos para cá, os coiotes [pessoas que fazem a travessia até o país] prometeram que ganhariam em dólar. Muitos contraíram dívidas lá, venderam o que não tinham para vir. E, agora, a angústia deles em mandar dinheiro para a família é grande,” explica.
No Brasil, os haitianos acabaram criando uma extensa rede entre si, o que torna o país mais atrativo, apesar dos baixos salários. Não é difícil encontrar quem tenha vindo para Curitiba por causa de um amigo ou parente. Aqui, eles têm visto de permanência, registro em Carteira de Trabalho e CPF. Os que não têm seguro saúde na empresa são atendidos como qualquer brasileiro pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
Mas os direitos plenos de cidadão são mais distantes. O Registro Nacional de Estrangeiro (RNE) leva de um a dois anos para sair. Traduzir e reconhecer documentos é outro processo caro e demorado. “A organização do governo precisa ser maior. Deveria existir uma secretaria municipal para o migrante, por exemplo”, ressalta Elizete.

terça-feira, 8 de outubro de 2013


  • NOTA PARA IMPRENSA - Acordo entre Ministério da Justiça e ACNUR irá aprimorar reconhecimento de refugiados no Brasil‏

Acordo entre Ministério da Justiça e ACNUR irá aprimorar reconhecimento
de refugiados no Brasil

BRASÍLIA, 8 de outubro de 2013 - O Ministério da Justiça do Brasil e o
Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR) assinaram
ontem um acordo de cooperação para aprimorar os procedimentos do Comitê
Nacional para Refugiados (CONARE). A proposta é aperfeiçoar os processos
para a concessão de refúgio no Brasil, identificando boas práticas a
serem adotadas em outros países da América Latina e do Caribe.
Signatário da Convenção da ONU de 1951 sobre o Estatuto dos
Refugiados, o Brasil abriga cerca de 4.400 estrangeiros reconhecidos
como refugiados pelo Governo Brasileiro.

As estatísticas demonstram um claro crescimento nas chegadas de
solicitantes de refúgio no país. Entre 2010 e 2012, o número total de
pedidos de refúgio feito a cada ano mais que triplicou (de 566 em 2010
para 2.008 no ano passado). Para 2013, as projeções do Ministério da
Justiça indicam que o país receberá cerca de 3.500 novas solicitações de
refúgio.

O acordo sobre a Iniciativa para Controle de Qualidade e Fortalecimento
do Procedimento de Reconhecimento da Condição de Refugiado (ICQF) foi
assinado pelo diretor do Departamento de Estrangeiros do Ministério da
Justiça, João Guilherme Lima; pelo coordenador-geral do Conare,
Virginius Lianza da Franca; e pelo representante do ACNUR no Brasil,
Andrés Ramirez. Na América Latina, acordos semelhantes já foram
firmados com os governos do México, Costa Rica e Panamá.

Segundo João Guilherme Lima, o CONARE aderiu à iniciativa para
beneficiar aqueles que buscam proteção humanitária no Brasil. “Faremos
um diagnóstico e avaliação dos recursos humanos, capacitação e técnicas
de entrevistas para identificar mecanismos de melhoria, baseados nas
melhores práticas já existentes”, explicou.
O diretor do Departamento de Estrangeiros disse que o acordo com o
ACNUR busca agilizar o processo burocrático de concessão de refúgio e,
principalmente, criar mecanismos para que o estrangeiro seja melhor
acolhido.

Os pedidos dos estrangeiros que chegam ao Brasil em busca de refúgio
passam por um procedimento que envolve funcionários da Polícia Federal e
do CONARE, assistentes sociais e advogados de organizações não
governamentais ligadas ao tema do refúgio, o ACNUR e representantes dos
ministérios que compõem o Conare (Justiça, Relações Exteriores, Trabalho
Saúde e Educação). Esses estrangeiros têm direito à documentação
provisória e são entrevistados, gerando um processo que é apreciado
pelo CONARE para confirmar ou negar o reconhecimento da condição de
refugiado. A Defensoria Pública da União (DPU) apoia este processo
entrevistando solicitantes de refúgio em diferentes capitais
brasileiras.

É este procedimento que será avaliado por meio da ICQF. Segundo o
acordo assinado ontem, o CONARE e o ACNUR farão um diagnóstico conjunto
para identificar procedimentos que podem ser melhorados e reforçar boas
práticas em andamento, além de estabelecer mecanismos de controle
interno e acompanhamento para aprimorar a qualidade dos procedimentos. 

“Queremos melhorar a qualidade da nossa resposta àqueles que buscam
proteção no Brasil, aperfeiçoando a informação coletada e sem abrir mão
da garantia justa e plena dos direitos dessas pessoas”, disse o
coordenador-geral do CONARE, Virgínius Franca. 

“A parceira com a DPU tem sido uma boa prática, pois já contamos com
seu apoio em São Paulo, Manaus e Boa Vista. Mas precisamos fortalecer
esses procedimentos para responder à altura os desafios que se
apresentam ao Brasil no tema do refúgio. Por exemplo, queremos reduzir o
tempo de análise das solicitações de refúgio dos atuais 10 meses, em
média, para 90 dias. Também queremos melhorar a qualidade da
capacitação dos agentes públicos, identificando temas
prioritários”, afirma o coordenador-geral do CONARE. 

O CONARE analisou cerca de 950 casos em cinco reuniões realizadas neste
ano (190 casos por reunião, em média), aprovando 45% destes pedidos.
Estes números são maiores que os registrados em 2012, quando foram
analisados 823 casos, com um percentual de elegibilidade de 24%. Na
América Latina, o Brasil tem um dos mais altos índices de
reconhecimento de pedidos de refúgio.

“A produtividade do CONARE está em uma clara tendência de alta, e a
ICQF se encaixa perfeitamente neste esforço de melhorar a qualidade da
proteção internacional a refugiados. Mas o Brasil atrai cada vez mais
solicitantes de refúgio, e por isso precisa estar preparado para
responder a estes desafios’, afirma Davide Torzilli, Oficial de
Proteção Sênior do ACNUR para as Américas, presente ao ato de
assinatura do ICQF com o Ministério da Justiça.

“O acordo assinado hoje permitirá um progresso mensurável nos
procedimentos de reconhecimento da condição de refugiado dos
estrangeiros que buscam proteção internacional no Brasil, atingindo um
sistema justo, ágil e seguro, que seja eficiente e observe as obrigações
internacionais assumidas pelo país”, afirma o representante do ACNUR
no Brasil, Andrés Ramirez. 
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