quinta-feira, 14 de novembro de 2013




MIGRANTES, MUROS OU PONTES?

Estamos vivendo num mundo cada vez mais complexo e globalizado, onde o aumento das migrações internacionais, especialmente em nosso estado do Rio Grande do Sul se tornou algo evidente nos últimos anos, e seguirá sendo no futuro um dos temas centrais das agendas internacionais. As cifras divulgadas pelas Nações Unidas indicam que ao redor de 220 a 240 milhões de pessoas residem em um país distinto daquele que nasceram; 1,5 milhões estão no Brasil e 72 mil Rio Grande do Sul, destes em torno de mil são haitianos e mais mil senegaleses com um crescimento acentuado destes últimos, principalmente nas cidades de Caxias do Sul e Passo Fundo.
As políticas migratórias restritivas, os controles fronteiriços, as expulsões de migrantes irregulares, as assimetrias socioeconômicas, a pobreza, a falta de trabalho, os desastres naturais, os conflitos armados e outros conflitos internacionais, são fatores que seguirão forçando a milhões de pessoas a cruzarem as fronteiras nacionais para buscarem melhores condições de vida. A história mostra que os movimentos migratórios não podem ser freados com a construção de muros. A política mais adequada para a gestão das migrações é a construção de pontes de convivência e relação internacional.
As discussões entre os governo e as organizações internacionais sobre a melhor maneira de orientar o fenômeno das migrações internacionais, atualmente focalizadas nos aspectos demográficos, econômicos, culturais e da seguridade nacional, terão que considerar um dos aspectos mais desafiantes deste fenômeno: a convivência pacífica entre as comunidades locais e os imigrantes. Por um lado, os conflitos sociais e políticos regeneram os movimentos migratórios forçados. Por outro, as percepções negativas das populações locais frente aos imigrantes regeneram conflitos e hostilidades sociais, dificultando uma convivência harmônica entre ambos coletivos. Ambos aspectos revelam que são os próprios migrantes quem, junto aos atores sociais e políticos municipais, nacionais e internacionais, se convertem nos atores principais do debate.
Já faz alguns anos que se está promovendo, tanto no Continente Americano como em outras partes do mundo, processos de paz e reconciliação que buscam curar as feridas das migrações forçadas e das violações dos direitos humanos cometidos especialmente durante os governos militares. Ademais da resolução dos con-flitos do passado, estes processos são também chamados a colaborar na construção de uma paz sustentável, favorecendo assim a resolução dos problemas estruturais de injustiças e exclusão social que estão situadas na base dos conflitos atuais.
Neste contexto o Cibai-Migrações e a Igreja da Pompéia, em Porto Alegre, RS, são espaço de reflexão e debate sobre a necessidade de buscar soluções a essas dificuldades estruturais e culturais que impedem a convivência social harmônica, e sobre a necessidade de promover uma cultura de convivência pacífica entre os imigrantes e as comunidades de acolhida. Procurando incidir frente aos governos para que implementem políticas migratórias de respeito e proteção dos direitos de todos os migrantes e suas famílias, e o desenvol-vimento de propostas concretas que comprometam a todos e a cada um dos diferentes atores sociais e políti-cos na construção de uma cultura da acolhida, da solidariedade e da paz. Também empenhados na divulgação do compromisso da Igreja para a solidariedade com os imigrantes e suas famílias.

Para refletir:
1. No seu bairro e na sua cidade estão chegando migrantes?
2. Você conhece alguma iniciativa, da Igreja ou do Poder Público, no seu municipio que está sendo feita em favor dos migrantes?

Pe. João Marcos Cimadon, cs
Porto Alegre, RS
joaocimadon@yahoo.com.br

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