domingo, 4 de novembro de 2012


Cidade do Rio Grande do Sul perde 



MORADORES POR CAUSA DA MIGRAÇÃO

No noroeste do Rio Grande do Sul, a equipe do Jornal Nacional encontrou brasileiros saindo de suas casas. São normalmente jovens que deixam as propriedades rurais dos pais para viver na cidade grande.



A equipe do JN no Ar desembarcou nesta sexta (2) no Sul do país pra mostrar as cidades que, segundo o IBGE, estão perdendo moradores por causa da migração. O repórter Rodrigo Alvarez foi a Chapecó, Santa Catarina, para explicar por que isso acontece.
Ao longo da semana, o Jornal Nacional mostrou cidades brasileiras que têm recebido milhares de pessoas, que decidem deixar suas cidades, suas casas e percorrem às vezes longas distâncias procurando um lugar melhor para viver. Normalmente esse lugar é onde existe oportunidade de trabalho.
No noroeste do Rio Grande do Sul, a equipe do Jornal Nacional também encontrou esses brasileiros. Só que esses brasileiros saem de suas casas. São normalmente jovens que deixam as propriedades rurais dos pais para viver na cidade grande.
Uma terra fértil, que no passado atraiu italianos e alemães, virou um sonho no Sul do Brasil. Mas, salvo exceções, ficou parada no tempo.
“A palavra agronegócio aqui não faz sentido?”, perguntou o repórter.
“Não. Aqui nós temos pequenos produtores, aqui nós temos agricultura familiar”, disse Vera Cancian, técnica da Emater.
Sem modernização, as famílias produtoras perderam mercado e já não sabem o que fazer pra não perder os filhos.
Em uma região do Rio Grande do Sul, quando a garotada chega à adolescência, a questão é só uma: ficar ou não ficar?
“Eu, pra mim, eles tem que ficar. Eu botei eles pra estudar pra isso, pra aprender lá fora, mas pra praticar aqui dentro”, revelou Angelim Vizzotto, agricultor.
Será que Mateus e Lucas atendem ao pedido do pai ou engordam a estatística?
Nos últimos 20 anos, segundo o IBGE, quase 50 mil jovens e adultos decidiram sair da região de Frederico Westphalen. Mateus e Lucas pensaram, e decidiram ficar.
“No meu ver, o meu lugar é aqui”, contou Lucas Vizzotto, técnico agrícola.
Uma casa amarela e outra, que nem terminou de ser construída, foram feitas por um proprietário de terra da região pensando nos dois filhos adolescentes. Mas, nenhum deles mora lá. Faz cinco anos que eles foram viver na cidade.
A pequena plantação de milho foram os vizinhos que fizeram para aproveitar o terreno vazio. Assim, plantações abandonadas vão pouco a pouco voltando a ser floresta. Se Roque cuida sozinho do pomar é porque os três filhos foram trabalhar na cidade.
“Chegava o final do ano, tirava pra comprar o que? Um par de calças, um tênis e mais nada, não sobrava pra nada”, lembrou Rogério Coutinho, funcionário público.
O que acontece com frequência é que os jovens estudam, fazem universidade e acabam deixando a casa dos pais pra tentar a vida na cidade grande. Só que a cidade grande da região, Frederico Westphalen, tem só 27 mil moradores e poucos atrativos. Aí, eles decidem migrar para outras regiões do Brasil.
Entre 2005 e 2010, a região de Frederico Westphalen viu quase dez mil moradores partirem. As cidades que mais perderam com a migração foram Nonoai. E a, um dia riquíssima, Ametista do Sul.
Edemar viu uma porção de amigos de mudança pra Mato Grosso.
“Só aqui da minha comunidade teve umas 10, 12 famílias que saíram daqui”, afirmou Edemar Mezzaroba, viticultor.
Os irmãos de Ari foram todos embora.
“O único da família que está aqui na propriedade do meu pai sou eu mesmo”, contou Ari Poltronieri, produtor rural.
Ari e Edemar também já pensaram em sair. Mesmo com uma produção de 300 toneladas por mês, não tem pedra brilhante que segure o povo de Ametista do Sul.
A mina continua ativa, mas os preços da ametista caíram muito e muita gente acabou deixando a cidade em busca de oportunidades. Os que tinham raízes profundas foram obrigados a procurar alternativas pra ganhar dinheiro.
“Estamos fabricando vinho e envelhecendo dentro das galerias subterrâneas, antigas minas que hoje estão desativadas”, afirmou Silvio Poncio, empresário.
Se os sonhos do empresário derem certo, vinho e turismo vão trazer os moradores de volta. Por enquanto, por via das dúvidas, até a igreja foi decorada com ametistas.
  FONTE :http://g1.globo.com

 

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