Arena sobe com a força dos trabalhadores haitianos
O operário Johnson Elbon é um dos 60 haitianos que trabalham no estádio atleticano
Emergente e com diversas oportunidades de trabalho na construção civil por causa das reformas para o Mundial e as Olimpíadas 2016, o Brasil passou a ser o foco desses trabalhadores. De acordo com a Polícia Federal, só para Curitiba vieram 247 haitianos.
Ambiente
Comércio na região da Arena cresce com o fluxo de operários
Com o aumento do número de operários da Arena nos últimos meses, o comércio em torno do estádio também cresceu. Mesmo com um refeitório à disposição no Atlético, muitos trabalhadores consomem balas, chicletes, sucos e doces e estimulam a economia da região. Além disso, alguns comerciantes ambulantes aproveitam para vender bonés, carteiras e outros acessórios.
“Bendita seja a obra”, vibra o comerciante Daniel Barbosa, dono de uma banca de jornal bem em frente à saída dos operários, na Rua Buenos Aires. “O consumo triplicou”, comemora. Atleticano de coração, Barbosa explica que a média diária chega a superar a venda em dias de jogos na antiga Arena. “Eram três, quatro horas de fluxo intenso, em que basicamente eu vendia cigarros”.
Empolgado com o movimento, o comerciante conta que nenhum órgão oficial da Copa o procurou para falar sobre o fechamento da banca em dias de partidas do Mundial. “Se a Fifa exigir que o comércio seja fechado, espero que haja algum tipo de ressarcimento”, aguarda.
“Se formos contar, tem cerca de 80 haitianos a cada 200 funcionários”, exagera Johnson Elbon, um dos que deixaram o país natal após a catástrofe de 2010 – o terremoto que provocou mais de 200 mil mortes – e está no Brasil desde 2011.
Ele trabalha na obra do estádio há sete meses e é um dos poucos a falar bem o português. “É uma língua muito difícil de dominar. Tive muitas dificuldades para aprender, mas agora já estou acostumado”, contou o operário, responsável por traduzir o idioma brasileiro para muitos dos conterrâneos.
Tímidos, os “novos brasileiros” são reservados durante os dois expedientes na obra e não costumam se misturar com os compatriotas adotivos, até pelas dificuldades da língua.
O idioma oficial do Haiti é o francês, mas os funcionários se comunicam por criole, ou crioulo haitiano, que é o outro dialeto conhecido pela população do país. O único momento de interação é na hora do almoço, quando muitos dos trabalhadores jogam futebol em uma das quadras existentes na Praça Afonso Botelho, que fica na frente da casa do Atlético.
Os brasileiros, mais apaixonados pelo esporte, não pensam duas vezes em comer rápido para aproveitar o tempo do descanso para jogar. Já os haitianos se reúnem para assistir, mas poucos se aventuram a participar da brincadeira. A preocupação com a família e com o futuro é a razão para evitar a ‘pelada’.
“A vida aqui está muito dura. Não podemos machucar um braço ou uma perna, porque assim ficamos sem trabalhar. Só os que não têm que sustentar a família jogam. Temos muita responsabilidade e quem tem família para cuidar tem de pensar nisso”, explica Aniz Dor, encarregado da obra, que conta apenas com a presença do irmão no Brasil, chamado Maste, outro funcionário da Arena.
Com salários variando entre R$ 1,3 mil e R$ 2 mil, os 585 funcionários trabalharão na Baixada até pelo menos o dia 20 de julho, quando outros devem ser contratados com a demolição do prédio do Exército e a nova fase da obra.
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