sexta-feira, 6 de setembro de 2013

11 ANOS DEPOIS, FAMÍLIA PALESTINA SE REENCONTRA NO RIO GRANDE DO SUL.

Família que se dividiu em campo de refugiados na Jordânia enfrentou a guerra, a burocracia e os problemas financeiros, mas conseguiu se reunir no RS, onze anos depois.
A adaptação ao português e aos costumes gaúchos foram o mais fácil para a família de Sabrin Ibrahim Sai Abu Zahrah, 22 anos.
O difícil para a jovem palestina, refugiada desde 2007 em Venâncio Aires com os pais, Ibrahim e Siham, foi passar metade da vida separada do irmão mais velho, Muhand.
Sem passaporte e ainda com a documentação de refugiados, os Zahrah ficaram separados por 11 anos. O reencontro dos quatro, na última quinta-feira, só foi possível depois que Muhand, desde 2008 nos Estados Unidos, conseguiu a cidadania para si, a esposa e os três filhos.
Refugiada no Iraque por conta do conflito na Faixa de Gaza, a família se separou ao fugir para um campo na Jordânia após as perseguições por milícias xiitas a palestinos com a queda do regime de Saddam Hussein, em 2003. No tempo em que o filho mais velho ficou em Bagdá para buscar documentos na faculdade, o campo de Ruweisheid, onde o esperavam a irmã e os pais, foi fechado.
Nos anos que seguiram, ele terminou a graduação e constituiu família. Perdeu a ida para o Brasil e, apesar dos pedidos do pai, foi realocado nos Estados Unidos. Foi apenas neste ano, com a ajuda de um amigo americano, que Muhand conseguiu reencontrá-los:
— É um sonho que eu estou vivendo. Não consigo acreditar que estou aqui, que posso abraçar minha mãe, meu pai, minha irmã.
As dificuldades de “todo o brasileiro”, mas aumentadas
No Brasil, além da ausência de Muhand, os Zahrah precisaram conviver com instabilidades. Eles são parte dos 60 palestinos recebidos pelo Estado no Programa de Reassentamento Solidário, coordenado pela Associação Antônio Vieira em parceria com a Agência da ONU para Refugiados (Acnur), que lhes ofereceu auxílio financeiro por dois anos. Agora, sobrevivem com o trabalho de Sabrin, cabeleireira, e com a ajuda de Muhand e da prefeitura de Venâncio Aires. E, além do problema da documentação, diz Sabrin, enfrentam dificuldades para conseguir tratamento para mãe, Siham, já na quinta operação do coração:
— Estamos bem, acostumados com a gente, com a comida. As pessoas aqui são boas, são nossas parceiras. O difícil são os documentos, o acesso à saúde. Passamos pelas dificuldades de todo o brasileiro, mas piores, porque somos de fora.
Fernanda Grabauska

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