sexta-feira, 14 de dezembro de 2012



Perde força movimento migratório à Região Metropolitana de Curitiba

         Publicada em setembro de 2012, vale a pena conferir.
Pesquisa Nacional por Amostragem de Domicílios mostra que RMC chegou a perder 13 mil migrantes entre 2007 e 2011

A Região Metropolitana de Curitiba (RMC) foi o pedaço de terra que nas últimas décadas mais atraiu migrantes no estado do Paraná, em números absolutos. Apesar disso, a recém-divulgada Pesquisa Nacional por Amostragem de Domicílios (Pnad), de 2011, mostrou uma leve redução no número de migrantes na região e que o índice de naturais (pessoas que moram no município onde nasceram) é de 51,33% – o maior porcentual desde o início da década passada.
De acordo com esses dados, a RMC perdeu 13 mil migrantes entre 2007 e 2011, tendência inversa à verificada nos primeiros sete anos da década – período em que a quantidade de não naturais saltou de 1,4 milhão para 1,6 milhão. Hoje, são 1,578 milhão.
Daniel Castellano/ Gazeta do Povo
Daniel Castellano/ Gazeta do Povo / Quase 60% da população da microrregião de Maringá é formada de pessoas não nascidas na cidadeAmpliar imagem
Quase 60% da população da microrregião de Maringá é formada de pessoas não nascidas na cidade
Destaque
Região de Maringá tem maior concentração proporcional de migrantes
A microrregião de Maringá é aquela com maior porcentual de não naturais, em termos proporcionais, entre as 39 microrregiões do Paraná, segundo dados do último Censo Demográfico de 2010. Naquele ano, 59,4% dos moradores da região do Norte Pioneiro (321 mil) disseram morar longe do seu município de origem.
Na segunda colocação aparece a microrregião de Toledo, com 57,3% (216 mil) de não naturais, seguida por Umuarama (55,5%), Cascavel (55,1%) e Cianorte (53,8%). Esses dados não levam em consideração, porém, o tempo de permanência na residência, informação que ajuda a explicar os deslocamentos migratórios.
Apesar de ter a maior concentração de migrantes em números absolutos, a Região Metropolitana de Curitiba tinha naquele ano 48% da sua população formada por não naturais e se posicionava na 15ª colocação no ranking porcentual. No total, a RMC, incluindo a capital paranaense, concentra 64% da população urbana do estado.
No total, os 26 municípios que compõem a RMC, incluindo a capital, têm pouco mais de 3,1 milhões de habitantes – 1,6 milhão natural do município e 1,5 milhão não natural. No Paraná, onde vivem mais de 10 milhões de pessoas, esses números são de 5,3 milhões vivendo na cidade onde nasceram e 5,2 milhões de migrantes – 3,4 milhões deles originários de migração dentro do próprio estado.
De acordo com especialistas em movimentos migratórios, ainda é cedo para falar se o ritmo de migração para a RMC está desacelerando – isso porque os dados da Pnad se baseiam apenas em uma amostra. “Mas a diminuição do estoque de pessoas não naturais pode estar relacionada à diminuição desse saldo. Eu diria, com mais tranquilidade, que observamos certa estabilidade, com pequena tendência à diminuição de não naturais”, diz Wilson Fusco, demógrafo da Fundação Joaquim Nabuco.
Fusco ressalta, porém, que a diminuição do número de migrantes na RMC também pode estar relacionada às taxas de natalidade e mortalidade. “A taxa de natalidade dos naturais pode estar maior que a dos não naturais e o inverso pode acontecer com a taxa de mortalidade”, argumenta.
Dados do último Censo Demográfico de 2010, porém, já mostraram a presença de mais pessoas vivendo nas suas cidades de nascença na região de Curitiba. De acordo com o levantamento, realizado em todos os municípios brasileiros e que ouviu os moradores de aproximadamente 58 milhões de domicílios, 52% dos moradores da RMC eram naturais das cidades onde viviam.
Fluxos migratórios
Segundo Anael Cintra, coordenador do Núcleo de Estudos Populacionais e Sociais do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes), dados dos últimos censos demográficos indicam que o Paraná tem apresentado saldos migratórios menos negativos. “Já estão próximos do zero”, afirma o especialista, antes de ressaltar uma mudança nos movimentos demográficos brasileiros.
“Atualmente, em todo o país, os movimentos migratórios tendem a ser mais de curta distância e não tanto quanto aqueles dos anos 1960, 1970, nos quais, por exemplo, enormes fluxos de nordestinos abandonaram suas regiões em direção ao Sudeste brasileiro”, afirma Cintra.
De volta
Migração de retorno pode explicar predominância de naturais
Segundo especialistas em movimentos migratórios, o ditado “o bom filho à casa torna” pode ser outra explicação possível para o aumento de “naturais” na RMC. Esse é o caso do analista de Tecnologia da Informação Luiz Iurk, 27 anos. Curitibano, ele morou nos últimos cinco anos em cidades como Montevidéu, no Uruguai, e Porto Alegre, mas decidiu voltar às origens e não pretende mais sair da capital curitibana.
“Curitiba é tudo para mim, tenho raízes aqui. Nunca mais quero sair e o que tenho aqui não conseguiria em outros lugares”, diz Iurk, que neste ano voltou a trabalhar na área na qual se formou e realizou o sonho da casa própria.
O supervisor comercial Darlan de Farias, 32 anos, também experimentou a vida longe da sua terra natal, a Lapa, cidade de pouco mais de 44 mil habitantes, mas voltou após pouco mais de três anos vivendo em Dublin, na Irlanda.
Apesar de ter ido ao país apenas com a ideia de aprimorar o inglês e juntar dinheiro, o retorno de Farias à Lapa quase foi abortado pelo sucesso que vinha tendo no Reino Unido, onde de ajudante de cozinha virou chef de um restaurante. “O dono do local me premiou com um curso de culinária e eu já estava preparando os pretos típicos irlandeses”, disse o lapeano. “Quando olhei pelo lado da família e da amizade, achei que devia voltar e que aquilo foi uma etapa da minha vida. E a Lapa é muito charmosa.”
Já a curitibana Larissa Borda de Menezes, 22 anos, sabia que não permaneceria em uma cidadezinha próxima a Philadelphia, nos Estados Unidos, onde viveu por cerca de dois anos, mas não teve dúvidas ao escolher Curitiba como a cidade que a receberia na volta ao Brasil. “Tenho amigos no Rio e em São Paulo, que ganham mais, mas têm um custo de vida maior”.
Fonte: http://www.gazetadopovo.com.br

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